domingo, 26 de abril de 2009

Entulha tua Carne com Paixão que o Jantar já, já será servido.

O Feio e o Saber
O Saber e o Viver
O Amar e o Querer
Se apaixonar e sofrer
A Carne e o Amor
O Sexo e a Dor
A Dor e a Vontade
A Culpa e a Idade
A Dúvida e a Saudade

Dá-me o que quero
Mesmo sem saber
Quero a carne
Entulhada
Entalhada
No viver.

Caminho para o sucesso

Quando encontrei enfim a solução
O tão glorioso fim
O início da razão
Segui sem hesitar
Por um caminho estranho
Enfim
Começo a pisar
Em carne ossuda
De gente já padecida
Na miséria e injustiça
Velhos moribundos
Crianças esquecidas
Trombadinhas, Traficantes,
Falecidos no mundo

Logo paro,
Peço perdão
Por contribuir com tão lastimável situação.
No caminho para o sucesso
Não me ensinaram a amar a ilusão,
A massacrar a realidade,
A viver do hostil,
A ignorar o febril,
A vangloriar o imbecil,
A aproveitar-me da desgraça
Da descrença
Da desilusão
De meu mundo
Chamado Brasil.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Éramos nós

Como é frágil, morena
Um sentimento falso;
Um nó frouxo
No novelo do mundo.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Falsa Pretensão Solitária

Calar sem querer
Rir sem saber
Sofrer por não ter
Lembrar da ilusão
Por que é tão dura a paixão?
E ainda tão simples de descrever...
Todos os olhos dançam
Na mesma fórmula de amar

De minha memória já vaza teu sorriso
Escorre
Ácido, queima.
E minha ilusão morre.
E ainda, insisto na dor
De amar o impossível
Vejo em teus olhos outro ardor
Definho pelo falso imprevisível

Cedo-me portanto ao inevitável
Ansiando tuas mentiras
Minha verdade adorável
Minha vontade inibida
Calo-me quando o amor quero proclamar
Num fingido sentimento!

Engano-me portanto acreditando
Que teus lábios sabem amar
Suspirando, recitando
Murmúrios a difamar

E ainda, por eles renegarei a razão
Mergulharei nessa sincronia absurda
De louca, bela e cretina paixão
Entregarei-me à solidão surda,
À tão linda e certa ilusão

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Confissões de um cego

Ando embriagado
Falecido na vida
De tão acostumado
Viro a mentira indevida
Ando sendo humano
Despertando despido
O amor, afano
Sou injusto e falecido

Pelo impossível suplicável
Indubitável me privo
Defectível dançável
No viável eu piso

Sou mefítico ser-humano
Condenado a ser humano
Cansado de embaraçar
Fatigado de negar
E que engraçado,
Amado por não amar

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Todos os olhos do mundo

Passo sem solidão
Me apaixono sem saber
Podemos nos amar
E não sabermos o que dizer

Antropofagia

Ai, que moça estranha
Olhou-me com fome
Quis me mastigar
E de fome tamanha
Me carcome
Com seu olhar
Ai, que moça estranha
Não sei se está despida
Ou se dorme distraída
E anda pelada
Desfilando a alma imaculada

Funesto conveniente

Engano o mundo tolo com versos fracos
Finjo o amor bobo com versos falsos
Cedo à poesia chula com versos comuns
Rimo o óbvio previsível com versos ralos
Versos sem obrigação
Ruins
Naives
Imaturos
Assinados pelo coração

domingo, 12 de abril de 2009

Facínora

O mundo começa agora, a cada nascer
O Sol traz então a esperança
À imensa dor dos homens
Que nascem para morrer

O passado agora guia
Os passos dos fracos
A lembrança novamente os prende
Ao futuro fracasso

O que sei é tão certo
Sei no que acredito
Sei meu desejo incerto
Sei que não sei saber
Nem eu ou ele
Que não sabe ser, existe ao ter
Mas o que têm é tão pouco,
É vital ter mais
É pouco querer o mundo
Nada nunca é demais

Ele têm o ouro que roubou dum corpo nu
Tem o crer tolo de que os homens cabem a um

Roubou e molestou
O que restava da humanidade
Cuspiu e estuprou
O que um dia foi liberdade

E Criou

O Certo que condenou
A Moral que difamou
A Preguiça que suicidou
A Verdade que enganou
O Poder que enlouqueceu
Levando-nos a esquecer
Do que um dia foi viver
Do que pensávamos saber
Do que agora jaz sobre nossos pés
Preso, ignorado
Corrompido, odiado,
Queimado com outros infiéis

E nós aqui sentados
No ócio sendo igualmente enterrados.

sábado, 11 de abril de 2009

Mata de Algas

O mar lavou o homem
Levou o concreto, trouxe a vida
Caótico, matou o homem
Levou a alegria destemida
Esse céu distorceu a fúria
De um mundo insano,
Que por cretina injúria
Varreu Éden por engano

Agora as estrelas se escondem sob o mar
O céu embaçado ondula
Me escondo com o tímido Luar
Que sem poder, me bajula

E as sombras me cobrem
As constelações me acompanham
Penso no que não vi, elas descobrem
E com consolo me banham

Voando, encontro um espelho
Colossal, nele encontrei as estrelas
Corri, não pude contê-las
Desolada, me perdi; o perdi.

Junto ao luar, o álcool na cabeça
O mar ao alto, sobre o céu caminho
Nada tenho em mãos senão um copo de crença
Nele o rosto que não vi, o que perdi e engulo com vinho

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Súbita queda

Debrucei-me sobre o abismo
De meu corpo
Caí
E me perdi.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Solidão poética

O medo devora minhas entranhas
A dúvida corrói minha mente
Agora que o público está ciente
Do que passa em meu viver

Nua, diante do mundo
Ruborizo, frente à descoberta
Agora minh'alma desperta
Ao sorrir com este encontro mudo

Nua, despida pela coincidência
Sorrio, sem saber se devo
Agora anseio a vivência
Para matar este falso medo

O poeta nem sempre é o ser
A decepção tão mais provável
Que o improvável fato de nos amarmos
Em carne, não em saber

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Iluminação

O pecado, o desejo

Enfrentam o indesejável inevitável

Destroem meu corpo

e alimentam meu viver

O desconhecido me espera

Como havia de fazer

Por que temer agora

Quando tudo já havia de ser?

Quero conhece-la, a tal da Morte

Pois se não a temo,

é por amar viver.

Porque quem diria,

Um dia irei morrer.

Cardíaco

O sol, sem saber, me saluta
Me manda mais outra morte
Carece-me com calma caduca
Pede certa paz de pequeno porte

Tantos tempos tortos
Passaram por minha pobre alma
E agora, dizem mortos
Que padeço em doce calma

O pecado que com orgulho engulo
Agora deu-se a estrangular-me
Traidor, importuno!
Venha logo levar-me

Pois minhas armas aqui estão
O medo jaz há tempos
De vida morreu meu coração
Mas resistirei a estes tormentos

Que venha a Morte me levar
Quero testar a coragem da Vida
Quero vê-la com paixão enfrentar
Para que não seja vista minha alma vencida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mais de dois milênios confirmam

Divirta-se com a ilusória dor alheia,
Pois uma única realidade não é o bastante para o ser humano.

O falso

Do amor fizeram um vício
Com sagacidade o estriparam
Até não sobrar nem um indício
De que amar não é o que falam

Pois o amor que carrega um olhar
Nos prende à ilusória eternidade
Pois quando o natural é por todos se apaixonar
Nos culpamos por viver com naturalidade

O amor não é por unidade

Então quando me entregar por amar
À carne falecida e oca
As lágrimas que inundarão meu olhar
Serão de uma felicidade louca

Quando me entregar sem hesitar
Aos olhos que me seduzirem de verdade
Provarei ao mundo que ao me revoltar
Aprendi a viver da pura felicidade

Descubra-me.

Minha foto
Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões