domingo, 31 de maio de 2009

Sou nosso desejo

Eu assim
Dentro de mim
De você
De todo o ser
Nem lá
Ou cá
Ele
ou
Ela
Seu desejo
A vontade dela
Sou sertanejo
Sou donzela
Sou o mundo
Da janela
De seu quarto
Sou o parto
Iracundo
Sou aquarela

terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu, neles: por mim

Menina, imagine só
Amar a dois
A três
Amar o freguês!

Menina, que bizarria
Engasgar com a fumaça
Do pecado e da desgraça
De tua compania

Menina, tire esse verniz
Largue meu coração
Deixa ele feliz
Aceite essa paixão!

Ela me tem
Quando faz graça
Ela é atriz
Anda nua
Quando me enlaça
Ela é feliz
Sem ser sua
Nem de ninguém

sábado, 23 de maio de 2009

Rosa vermelha, dilacerada

Desfeito,
O fato remete enfim às atendidas lágrimas
E estas, sem escorrer, se escondem na dúvida
Do quanto foi feito
Ansiando por virar enfim as páginas
Deste romance de constante lamúria
Sigo cega, cedendo à vontade
De viver da solidão impura
Pois pelos horrores sucedidos em meu corpo
Que rompido sangra, morto
Desejo entregar-me fielmente à loucura
Esquecer-te enfim, com amargura
Pois teus versos nulos, nunca proclamados
Enterraram-me arfando numa cova em chamas
Junto a outros corpos dilacerados
Rompidos em outras camas
E que unidos, recitam
Em uníssono mórbido
"De tanto falso amor
Por teu lábio sórdido
Falecemos por ardente dor
Em paixão ilusória
Que por perfídio ardor
Levou-nos sem glória"

Tu, que roubaste minha pureza
Há de se lembrar
Que por tê-lo feito sem destreza
Há de chorar
Por perder minha certeza

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Maria

Olhe no espelho, mulher aflita
Assista o mar que inunda tua face
Tão doce, escorre
Por essa dor bendita, finita, restrita!
Ela é João, é Maldita
Mulher cretina
Alberto, Rita...
Garota esquisita,
Abraça a paixão e implora por amor
Fecha a mente e vive sem supor
Que tão certo quanto seu ser
Somente um outro que ame viver

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Desfecho

Você que canta
A maledicência do amor
Venha e perceba
Que em mim não existe dor

Talvez por não saber amar
Eu saiba viver
Me apaixonar,
E aproveitar a boêmia plenitude do ser







E às vezes, quem sabe, mentir
Só pra no aperto poder sorrir.

Incompleto

Olhe amor, por aqui lhe digo
Percebo enfim tua agonia
Pois outra paixão que fustigo
Deu a castigar-me com louca alegria

De todos os olhos que dissimulei
Aqueles abraços que forcei
Os livres e ingênuos
Calados e obscenos

Os que amei pertenciam a outro
Que em minha desilusão jaz
Pois este mesmo fustigou-me
Com doce mentira fugaz

Agora sei, meu amor
A causa de teu pavor
Pois a mesma quimera que te amou
Quis se apaixonar
E olhe só! Agora estou eu a lamentar

Ah, quem me dera saber amar!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Meu bem-aventurado viver

Passou nas nuvens o raio da inovação
Matando os pássaros da ilusão
Pegou-me de jeito no precipício
Entrou por mil orifícios
Saiu com o sangue morno
Limpando meu corpo insano
Despindo minha aurora
Gerando o puro fogo
Que queimou meu engano
Da memória

Que esqueço
Emudeço
Endoideço
Ensurdeço
Transpareço
Embruteço
Amadureço
Esqueço

E volto à glória
"Vem canto e flor,
Estrela que canta
Mentiras de amor
Vem e me encanta
Me leva nesse movimento
Vem salvar meu povo
Vem me dar alimento
Vem me amar de novo!"
"As flores em que pisou
As flores em que pisa
O pecado que amou
Que te imuniza
Elas vão crescer de novo
Ele vai te amar, o novo
Elas vão crescer de novo
Você vai amar por todo."

E volto sóbria,
Sento na lembrança
Penso na vitória
De ser criança...

E penso eufórica
Ainda sou menino!
A diferença simbólica
É que agora bebo vinho.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

À vossa alteza: a verdadeira essência da vontade.

Que merda essa eternidade que não passa
Que me desgasta
Toda essa convenção sem razão
Me mata de tédio
E me rouba o tesão

Vou-me embora,
A lei botou-me pra fora
Desistir?
Só em boa hora. Não agora:
Ainda tenho uma vida a seguir

Ai que delícia
Fazer um poema sem beleza
Viver da preguiça
Sem querer ser realeza.

Eu e ela e vice-versa

Alternativa? Livre fingida.
Lúcida? Cega distraída.
Livre? Discretamente reprimida.
Cega? Irremediavelmente aguerrida.
Exata? Eternamente perdida.

domingo, 3 de maio de 2009

Me armo: irei à Roma onde mora meu amor.

Aperta o peito
O aperto
Apalpa
Meu sentimento

Apaga a paixão
Apartada
Afaga
Minha desilusão

Perdi meu corpo
Dilacerado
Não vou chorar
Por errar
Não vou perdoar
Essa maneira de ser
De não saber sofrer

Minha amada,
O que se passa
Em nosso amor?
Por que procuras
O que não existe?
De tanto falso ardor
Ninguém desiste
De te amar
De te querer
Mas que dor que dá
Ver outras lágrimas
Ver tudo se perder
Em outras lágrimas
Ganhar a dor
Por tuas lágrimas
Acreditarem no amor

Não vou chorar
Por te perder
Por mortificar
O meu viver.

.

Que meus olhos cegos
De saber
Aprendam logo
A sofrer

.

Sem amor não sei viver
Não vivi
Nem vi
Você viver

sábado, 2 de maio de 2009

Miami

Eu, errante
Amante da solidão
Ser constante
É sofrer sem razão

Sou quantas você quiser
Mas vou eternamente ser
A mulher
Que seus olhos não podem ver.

Descubra-me.

Minha foto
Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões