quinta-feira, 13 de maio de 2010

"Curumim, chama Cunhãtã que eu vou contar"

Dá-me tinta de urucum
Para pintar corpo meu em teu
Dá-me o calor de teu coração nu
Para amolar o que embruteceu

Dança com meu corpo o amor
Me gira e me derruba com paixão
Derrama em meus olhos o ardor
Engole de um gole minha solidão

Ainda que não queira eu o teu
Ainda que fujam de ti meus olhos
Ainda que meu eu, que emudeceu
Não cante mais teus sonhos

Ainda que meu desafinado canto minta
Teus olhos têm o dom de ouvir
E tu de ler minha alma em tinta
E mesmo assim vir
Sabido isso, faça-me um favor?
Ensina-me a graça do sorrir,
Ensina-me a sorrir de amor?

sábado, 8 de maio de 2010

Um brinde à vida

Ah, mas que bela boemia!
Enquanto respirar,
Embebedarei-me nessa linda sinfonia

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Quando cantam os lábios da Morte antecipada

De repente, foi fatal
De súbito foi certeza
De um pulo meu peito morreu
E encarei a morte com surpresa

E em todos os olhos eu a vi
Esgueirando-se por entre os corpos
Rindo naquelas bocas tortas,
Eu a vi sorrir

Ah, e aquele meu peito falecido
Sufocado e esmagado e carcomido
Sofria ainda de certeza
Mas não de luto
Sofria ainda pela sanidade
Mas não de medo
Sofria e chorava com meus lábios
Sofria de solidão
Sofria pelo medo de estar só
Sofria pelo medo de meu coração
Que louco e vazio e em pó
Sofria de pavor,
Pavor do não

Ateliê de Idiotas

Pode ser que seja eu
Mas quanto mais enxergo
Mais vejo o breu
Quanto mais reparo
Na vida dos outros
Mais vejo desamparo,
Gritos surdos e roucos
Da falecida Utopia

Celebro aqui a Miopia

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Afago da solidão

Olha lá, que pode sempre acontecer
De o amor
Nas costas do silêncio se esconder

domingo, 2 de maio de 2010

De nada adiantam as flores, suas pétalas me desfloram

Não seja tão cego, amor, não condene meus esquivos
Pois fujo não por orgulho retido
Mas por temer que sua ânsia de ardor
Faça padecer de desgosto meu coração rendido,
E afogar em desventura meus olhos de dor

Pois ao queimarem meu peito as lembranças
De minha pele sendo a sua
De seus olhos, com paixão contida e nua
Amando-me com sincera esperança,

Ao queimarem meu peito, amor
Revejo em meus sonhos suas costas partindo
Estas ensinando-me a graciosidade da dor
E o encanto do amor fingido

Ao sentir meu corpo seu cheiro,
Quedava logo nua de medo
Ao tocarem meus lábios seu sorriso,
Ria meu coração em histérico regozijo
E quando confessavam nossos olhos!
Ah, nessas horas eu era mais que sua
Eu era sua carne, seus poros
Sua alma, sua mente, seu corpo
E minha vida finalmente nua

E minha vida subitamente crua
Quando enxerguei em seu olhar lascivo
Os propósitos de perverso amante
E as mentiras de ator festivo
Que defloraram minha ilusão viciante

Então não ouse condenar-me!
Depois de travestir sua intenção
Não ouse tocar-me!
Negarei sua libidinosa paixão
Pois veja, eu sou amor
E não é de carne que se alimenta o coração

Descubra-me.

Minha foto
Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões