Eu nunca
disse não.
Talvez, algumas poucas vezes, tenha me
enganado
Ou tenham enganado a mim
De tudo que neguei agora me falta
E essa falta corrói meu peito e carne
Sedenta me arrependo, faminta me ajoelho
Aceitem agora minha solidão
Que seja escarrada de meu decrépito corpo
Que cheio de tudo esvaziou-se de emoção
E tendo tudo o que agora me falta foi o que
não quis
O que superior a tudo me desfiz
E que hoje talha meu sorriso desmazelado
Pois não tenho mais seus poemas,
Nem seus
Ou dele
Não tenho mais seus olhares
Nem as rosas dele
Nem os versos de outro
Pois de coração atado nada me sobrou
E comigo mesma já não suporto viver
Meu reflexo já não compreendo
Passo dias mirando-o, morta
Ou morto ele
Mas não vejo nada além de pele flácida,
olhos ocos
É um vazio desalmado, um livro usado
Um conto esquecido, jogado, ignorado
De contento batido
De linhas retas, maçantes, ululantes
Algo a não ser lido
As páginas em branco restaram, não há quem preencher
O começo fora interessante, o resto pedante
O final não vale saber
Um comentário:
Muito imagético! Adorei.
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