domingo, 22 de agosto de 2010

Escala de dó

em meus lábios dormiu a noite


e assim que o Sol, tímido e desmazelado,


inflamando as estrelas sem cuidado,


furtou a vida da Lua minguada


meu céu livrou-se dos perdidos sonhos


em antropofágica selvageria


os raios fizeram de meu paraíso


cinzas de exorbitante alegria


o que antes fora meu reinado da perfeição


tornou-se a verdade, minha aflição


que tortos caminhos me trouxeram!


minha eternidade fora pulverizada


sem mínimo esmero!




maldita seja a luz desalmada


por forçar meus olhos à realidade


fazer de minha ilusão circuncidada


apenas vaga lembrança


do que em meu coração era liberdade 

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões