Libere de meus sonhos sórdidos
Esses gritos de aflição
Afaste de mim estes olhos
Que sangram traição
Por que tens mãos torpes?
E infinitas, obscenas?
Mirais meus olhos disformes
Vês uma velha mecenas?
Esgote meus mofinos lamentos
Que tormentam meu corpo devasso
Esqueça daqueles ditosos momentos
De cunho tão escasso
Por que tens essa cegueira?
Esse doce canto doloso?
Vês que não me encontro inteira?
Não enxergas este ódio fogoso?
Afaste dessa alma teus lábios
Libere-me deste cárcere
Preencha-me de versos sábios
Tire-me deste insano mármore!
Não amarei mais tuas palavras impuras
Sujas de perfídia perversidade
Esquecerei desta vida a amargura
Fugirei com louvável sagacidade
Renegarei então essa morbidez dilatada
Existirei em tão bela harmonia
Numa supérflua brisa emancipada
Flutuarei na Nona Sinfonia
Para você, amiga querida. Espero ter traduzido corretamente seus sentimentos.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Conclusões dispersas
Me sinto perdida,
Absorta nas incertezas da juventude
Afogada nas certezas inibidas
Pela rotineira falta de atitude
Me falta inspiração,
Nesse emaranhado de devaneios
Não consigo a mínima alucinação
Para acalmar meus contínuos anseios
Me sinto escusada,
Minha mente sonha com um futuro de saber
Vivendo fora do consenso
De que somos o que aparentamos ser
Me sinto exata,
Há tempos fugi dessa moda pacata
Ao descobrir que a razão não passa de uma ilusão
E que essa vida é só fruto de minha fértil imaginação...
Me sinto encontrada,
Meio à esse torto espírito
Entrei num transe lírico
Ao descobrir que a razão é uma cilada.
Me sinto assim,
Num vazio errôneo
De delírios sem fim
Nesse mundo antagônico.
Absorta nas incertezas da juventude
Afogada nas certezas inibidas
Pela rotineira falta de atitude
Me falta inspiração,
Nesse emaranhado de devaneios
Não consigo a mínima alucinação
Para acalmar meus contínuos anseios
Me sinto escusada,
Minha mente sonha com um futuro de saber
Vivendo fora do consenso
De que somos o que aparentamos ser
Me sinto exata,
Há tempos fugi dessa moda pacata
Ao descobrir que a razão não passa de uma ilusão
E que essa vida é só fruto de minha fértil imaginação...
Me sinto encontrada,
Meio à esse torto espírito
Entrei num transe lírico
Ao descobrir que a razão é uma cilada.
Me sinto assim,
Num vazio errôneo
De delírios sem fim
Nesse mundo antagônico.
Adormecendo demônios
Vá às nuvens criança
Durma logo, que o sol já vêm
Ande, sonhe com a dança
Dos anjos inexistentes do além
O manto de estrelas já cobriu a luz
Durma, durma! Que amanhã logo aparece
A manhã já, já produz
O mais belo sonho da jeunesse.
Durma logo, que o sol já vêm
Ande, sonhe com a dança
Dos anjos inexistentes do além
O manto de estrelas já cobriu a luz
Durma, durma! Que amanhã logo aparece
A manhã já, já produz
O mais belo sonho da jeunesse.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Carolina
Carolina, venha comigo
Que o tempo é fugaz
Venha, num futuro contido
De paixão e nada mais
Oh Carolina, dê-me teu amor
Vamos separá-lo até não existir mais dor
Cortá-lo em partes iguais
Para tornarmos imortais
Dê-me teus sonhos então
Vamos deixar com que sejam uma velha ilusão
Vamos transformá-los em realidade
Apenas parte de nossa bela insanidade
Carolina, maestra da rima
Como teu canto me alucina!
Carolina, é brilhante tua sinfonia
Vamos logo para cervejaria!
Menina de admirável temeridade
Garota, quem se importa com a idade
Quando tua mente supera a perfeição?
Quando teus olhos transbordam a razão?
Carolina, é venenosa tua doce pureza
Como é louca tua incrível beleza
Carolina enfeitiçou minha mente
Tirou-me dessa realidade delinquente
Não chore, Carolina
Pelo canto de teu coração
Não perca esse mundo que te ilumina
De tão clara e bela paixão
Cante para a vida, Carolina!
Veja como é perfeito teu ser
Entregue-se à essa linda harmonia
Que te cobre de poesia e de saber
Menina, você veio de um mundo
Repleto de desvarios e ilusões
Vêm de um passado imundo
Castigado por arrependimentos e traições
Mulher de perfeição inibida
Rara poetisa, possui o dom da arte
Rainha contida,
Não ligue para o mal que já parte
Carolina, venha comigo
É em teu mundo que posso viver
Venha, num sonho contido
De poesia e de saber.
Vêm, o trem parte ao amanhecer
Vêm, sem você não sei ser
Vêm, já está na hora
Mas sem você não vou embora.
Que o tempo é fugaz
Venha, num futuro contido
De paixão e nada mais
Oh Carolina, dê-me teu amor
Vamos separá-lo até não existir mais dor
Cortá-lo em partes iguais
Para tornarmos imortais
Dê-me teus sonhos então
Vamos deixar com que sejam uma velha ilusão
Vamos transformá-los em realidade
Apenas parte de nossa bela insanidade
Carolina, maestra da rima
Como teu canto me alucina!
Carolina, é brilhante tua sinfonia
Vamos logo para cervejaria!
Menina de admirável temeridade
Garota, quem se importa com a idade
Quando tua mente supera a perfeição?
Quando teus olhos transbordam a razão?
Carolina, é venenosa tua doce pureza
Como é louca tua incrível beleza
Carolina enfeitiçou minha mente
Tirou-me dessa realidade delinquente
Não chore, Carolina
Pelo canto de teu coração
Não perca esse mundo que te ilumina
De tão clara e bela paixão
Cante para a vida, Carolina!
Veja como é perfeito teu ser
Entregue-se à essa linda harmonia
Que te cobre de poesia e de saber
Menina, você veio de um mundo
Repleto de desvarios e ilusões
Vêm de um passado imundo
Castigado por arrependimentos e traições
Mulher de perfeição inibida
Rara poetisa, possui o dom da arte
Rainha contida,
Não ligue para o mal que já parte
Carolina, venha comigo
É em teu mundo que posso viver
Venha, num sonho contido
De poesia e de saber.
Vêm, o trem parte ao amanhecer
Vêm, sem você não sei ser
Vêm, já está na hora
Mas sem você não vou embora.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Verdade de quem?
Assinarei um papel imaginário
Firmarei um acordo sanguinário
Com uma comum absurdidade:
A errônea e falsa verdade
Esta fora criada há tempos
Quando por incontáveis adventos
O homem dispôs-se a crer
Que sua mente era a fonte eterna do saber
E com essa precisa certeza
Uniram-se os homens de cada nação
Que com admirável braveza
Sacrificaram outras vidas por uma ilusória razão
E com esse conceito em comum
Surgiram determinadas divindades
Que por asco ao incomum
Isolaram-se em suas próprias realidades
Formaram-se então as classes sociais
O senhor feudal virou aristocrata
O proletário permaneceu em condições anais
E somos nós o fruto de uma raça sociopata
Mas como um certo sábio diria
Somos nós o futuro do mundo
Estriparemos então a tirania
Dilaceraremos esse passado imundo!
Esqueçamos portanto essa moral burguesa
Essa podridão hipócrita
Gerada pela porra da incerteza
De nossa Nação Incógnita
Vamos à luta, príncipes da mudança,
Subverter essas mentes fétidas!
Uivemos o canto da esperança,
Acabemos enfim com as verdades pérfidas!
Firmarei um acordo sanguinário
Com uma comum absurdidade:
A errônea e falsa verdade
Esta fora criada há tempos
Quando por incontáveis adventos
O homem dispôs-se a crer
Que sua mente era a fonte eterna do saber
E com essa precisa certeza
Uniram-se os homens de cada nação
Que com admirável braveza
Sacrificaram outras vidas por uma ilusória razão
E com esse conceito em comum
Surgiram determinadas divindades
Que por asco ao incomum
Isolaram-se em suas próprias realidades
Formaram-se então as classes sociais
O senhor feudal virou aristocrata
O proletário permaneceu em condições anais
E somos nós o fruto de uma raça sociopata
Mas como um certo sábio diria
Somos nós o futuro do mundo
Estriparemos então a tirania
Dilaceraremos esse passado imundo!
Esqueçamos portanto essa moral burguesa
Essa podridão hipócrita
Gerada pela porra da incerteza
De nossa Nação Incógnita
Vamos à luta, príncipes da mudança,
Subverter essas mentes fétidas!
Uivemos o canto da esperança,
Acabemos enfim com as verdades pérfidas!
domingo, 15 de fevereiro de 2009
C'est quoi?
Pour quelque raison
Un enfant a rit.
Daria tanto para ver com os olhos dessa criança
Ver as pessoas sorrindo fazendo passos de dança
Ver o mundo urrando em êxtase com um orgasmo
Ver a Natureza agradecendo com entusiasmo
Ver ao menos a mínima coerência
Em toda e qualquer existência
De nosso louvado Homem.
Mas a Razão
Com sua língua de açúcar confessou:
Mon amour, tu n'est plus qu'un morceau
D'une tarte pourri.
Hahaha
Un enfant a rit.
Daria tanto para ver com os olhos dessa criança
Ver as pessoas sorrindo fazendo passos de dança
Ver o mundo urrando em êxtase com um orgasmo
Ver a Natureza agradecendo com entusiasmo
Ver ao menos a mínima coerência
Em toda e qualquer existência
De nosso louvado Homem.
Mas a Razão
Com sua língua de açúcar confessou:
Mon amour, tu n'est plus qu'un morceau
D'une tarte pourri.
Hahaha
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Nossas frívolas vidas
Todo homem anseia
Todo poeta devaneia
Toda criança inventa a dor
Para obter um admirador.
Arranja-se um emprego,
Ganha-se dinheiro,
Foge-se do diabo,
Para contemplar o resultado.
A velha moribunda
Em seu leito de morte pergunta:
Meu filho, tens orgulho do que tenho?
E este responde sem empenho:
O que tens, não consigo ver.
E a mulher diz sem se conter:
Mas o que sou, diga-me sem pudor!
Então o filho desiste:
Minha velha, o espelho é teu único admirador.
A velha lutou mas a morte veio
e
Ninguém aplaudiu seu desempenho.
Todo poeta devaneia
Toda criança inventa a dor
Para obter um admirador.
Arranja-se um emprego,
Ganha-se dinheiro,
Foge-se do diabo,
Para contemplar o resultado.
A velha moribunda
Em seu leito de morte pergunta:
Meu filho, tens orgulho do que tenho?
E este responde sem empenho:
O que tens, não consigo ver.
E a mulher diz sem se conter:
Mas o que sou, diga-me sem pudor!
Então o filho desiste:
Minha velha, o espelho é teu único admirador.
A velha lutou mas a morte veio
e
Ninguém aplaudiu seu desempenho.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Cuspindo tua peçonha
A pouco pretendi esquecer
Deixei minha mente cair
Deixei meu corpo te perder
Fiz a amargura enfim escapulir
Toco agora a liberdade
Amo agora a realização
Conheço então a verdade
Mas por que duvida o meu coração?
Diga-me que estou certa
Engane-me com teus lábios
Limpe a ilusão que vaza incerta
Ajude-me nesses atos falhos
Por que desavenho?
Me diga a razão para tamanha dúvida!
Não acredito, mas despenco
Do mais alto pico da mente lúrida
E parecia-me tão exata
Essa certeza tão incerta
Parece-me então tão errada
Essa tristeza coberta
E outros espectros dançam
Num baile estouvado
E essas vozes cantam
Penetram em meu coração dilacerado
Logo percebo o que já havia cometido
Que horror, não me ensinaram a gostar
Não gosto do que não amo, não gosto do já vivido
Não gosto do som da palavra entregar
E entreguei-me a você
Entreguei-me ao meu tresvario
Entreguei-me sem poder, à tua mercê
Entreguei-me a um beijo vadio
E assim entregando-me percebi
Que na ciranda da paixão
Não vale mais mentir
Só vale abrir mão.
Deixei minha mente cair
Deixei meu corpo te perder
Fiz a amargura enfim escapulir
Toco agora a liberdade
Amo agora a realização
Conheço então a verdade
Mas por que duvida o meu coração?
Diga-me que estou certa
Engane-me com teus lábios
Limpe a ilusão que vaza incerta
Ajude-me nesses atos falhos
Por que desavenho?
Me diga a razão para tamanha dúvida!
Não acredito, mas despenco
Do mais alto pico da mente lúrida
E parecia-me tão exata
Essa certeza tão incerta
Parece-me então tão errada
Essa tristeza coberta
E outros espectros dançam
Num baile estouvado
E essas vozes cantam
Penetram em meu coração dilacerado
Logo percebo o que já havia cometido
Que horror, não me ensinaram a gostar
Não gosto do que não amo, não gosto do já vivido
Não gosto do som da palavra entregar
E entreguei-me a você
Entreguei-me ao meu tresvario
Entreguei-me sem poder, à tua mercê
Entreguei-me a um beijo vadio
E assim entregando-me percebi
Que na ciranda da paixão
Não vale mais mentir
Só vale abrir mão.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Clemência por si, irrompida numa manhã de verão
Ela julgou-se superior ao que de fato era. Desapontada, desiludida.
Talvez existisse a possibilidade de vencer. Ainda existia a esperança.
Agora, tornou-se algo que há muito se foi. O vento levou as cinzas de sua existência.
Ela provou o gosto pútrido da derrota. Desamparada, devassa.
Talvez existisse a possibilidade de ser extraordinária. Ainda existia a ilusão.
Agora, tudo não é mais o que deveria ser. O futuro mudará seu passado, de forma insana, seus sonhos se quebraram.
A única coisa que lhe resta é o amor por algo maior que si. Ela não mais esperará de sua capacidade. Ela é agora feita para dar. Dali sua felicidade voltará.
Talvez existisse a possibilidade de vencer. Ainda existia a esperança.
Agora, tornou-se algo que há muito se foi. O vento levou as cinzas de sua existência.
Ela provou o gosto pútrido da derrota. Desamparada, devassa.
Talvez existisse a possibilidade de ser extraordinária. Ainda existia a ilusão.
Agora, tudo não é mais o que deveria ser. O futuro mudará seu passado, de forma insana, seus sonhos se quebraram.
A única coisa que lhe resta é o amor por algo maior que si. Ela não mais esperará de sua capacidade. Ela é agora feita para dar. Dali sua felicidade voltará.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Desamor crónico
Engraçado esse seu jeito
De declarar o eterno amor
Estranho esse meu defeito
De nunca retribuir o ardor
Transito num mar infinito
De correntezas sem crença
Nesse fluxo maldito
Não te mata minha indiferença?
Nunca compreendi sua paixão
Como tão fugazmente brota a loucura
As ingênuas palavras, não vê que são em vão?
Não te incomoda minha insana amargura?
Minha escassa vivência
Me provou estranhas reações
Não sei se é uma tendência
Mas nunca amei essas feições
Não entendo a dor que sinto
Quando seus lábios vazam calor
Não posso provar que minto
Quando vomito palavras de amor
Não me entrego ao captativo
Não anseio o conjugal
Nunca provei do concupiscente
É caro o oblativo
Tão precioso quanto o magistral
Ao inverso do platónico
E distante do possessivo
Vivo assim nesse desamor colossal
De declarar o eterno amor
Estranho esse meu defeito
De nunca retribuir o ardor
Transito num mar infinito
De correntezas sem crença
Nesse fluxo maldito
Não te mata minha indiferença?
Nunca compreendi sua paixão
Como tão fugazmente brota a loucura
As ingênuas palavras, não vê que são em vão?
Não te incomoda minha insana amargura?
Minha escassa vivência
Me provou estranhas reações
Não sei se é uma tendência
Mas nunca amei essas feições
Não entendo a dor que sinto
Quando seus lábios vazam calor
Não posso provar que minto
Quando vomito palavras de amor
Não me entrego ao captativo
Não anseio o conjugal
Nunca provei do concupiscente
É caro o oblativo
Tão precioso quanto o magistral
Ao inverso do platónico
E distante do possessivo
Vivo assim nesse desamor colossal
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
Versos inacabados para amores eternos
Como seu jeito me hipnotiza
Sua calma me tranquiliza
Seu sorrir me leva a outro plano
Ela vem de um mundo insano
Me conquistou há tempos
Mas logo a perdi
Por outros mofinos adventos
Para minha alma fraca menti
Mas em outros dias senão aqueles de solidão
Ela me buscou, voltei à perfeição
E com este canto inacabado
Pretendo retribuir esse amor tão esperado
A outra é tão descomunal
Tão magistralmente nova, anormal
Sua tristeza se esconde em sua face bela
Em seus versos perfeitos, mente com cautela
Com sua mente de idéias subversivas
Com seu suspiro de inspirações poéticas
Conquistou-me com paixão agressiva
Levou-me distante de mentes sintéticas
Sua perfeição me orgulha,
Seu canto me leva à loucura
Sua imperfeição remota me entristece
Sua falta me enlouquece
As quero para a eternidade
Até nos faltar a idade
Elas em meus versos sempre estarão
Em meu sonhos, minha vida, minha eterna ilusão.
Sua calma me tranquiliza
Seu sorrir me leva a outro plano
Ela vem de um mundo insano
Me conquistou há tempos
Mas logo a perdi
Por outros mofinos adventos
Para minha alma fraca menti
Mas em outros dias senão aqueles de solidão
Ela me buscou, voltei à perfeição
E com este canto inacabado
Pretendo retribuir esse amor tão esperado
A outra é tão descomunal
Tão magistralmente nova, anormal
Sua tristeza se esconde em sua face bela
Em seus versos perfeitos, mente com cautela
Com sua mente de idéias subversivas
Com seu suspiro de inspirações poéticas
Conquistou-me com paixão agressiva
Levou-me distante de mentes sintéticas
Sua perfeição me orgulha,
Seu canto me leva à loucura
Sua imperfeição remota me entristece
Sua falta me enlouquece
As quero para a eternidade
Até nos faltar a idade
Elas em meus versos sempre estarão
Em meu sonhos, minha vida, minha eterna ilusão.
domingo, 25 de janeiro de 2009
Canto da figueira
As idéias vêm à nossa mente
Exageramos, blefamos, mentimos
Atiçamos nossos sonhos delinquentes
A realidade, inibimos.
A paixão nos leva ao Nirvana
Sua melodia tão fina...
E essa visão tão insana
Tão doce, tão bela: cretina.
Dançamos o canto do Poeta
Gritamos os versos do desespero
E a ilusão novamente desperta
Avistamos você, mensageiro
Nossos olhos vêem além do ordinário
Nossas mãos despertam o desconhecido
Vemos além de ti nesse cenário
Não vivemos em teu mundo falecido!
As mãos são máquinas a devanear
Os versos são farsas que difamamos
Teus olhos enxergam o que se deve negar
A teus sonhos e ameaças, louvamos
E em tua mentira deliramos
És tu mensageiro, soberano
E teu universo podre ignoramos
Toda crença, toda vida, todo ano
Venha mensageiro, dê-nos tua mão suja
Esqueça essa realidade pervertida
Da realidade pútrida, fuja!
E traga sua razão esquecida
Dance o ritmo da loucura
Acredite em nossa ilusão verdadeira
Esqueça de tua vida a amargura
Colha o fruto inexistente da figueira!
Por Carol e Cora.
Exageramos, blefamos, mentimos
Atiçamos nossos sonhos delinquentes
A realidade, inibimos.
A paixão nos leva ao Nirvana
Sua melodia tão fina...
E essa visão tão insana
Tão doce, tão bela: cretina.
Dançamos o canto do Poeta
Gritamos os versos do desespero
E a ilusão novamente desperta
Avistamos você, mensageiro
Nossos olhos vêem além do ordinário
Nossas mãos despertam o desconhecido
Vemos além de ti nesse cenário
Não vivemos em teu mundo falecido!
As mãos são máquinas a devanear
Os versos são farsas que difamamos
Teus olhos enxergam o que se deve negar
A teus sonhos e ameaças, louvamos
E em tua mentira deliramos
És tu mensageiro, soberano
E teu universo podre ignoramos
Toda crença, toda vida, todo ano
Venha mensageiro, dê-nos tua mão suja
Esqueça essa realidade pervertida
Da realidade pútrida, fuja!
E traga sua razão esquecida
Dance o ritmo da loucura
Acredite em nossa ilusão verdadeira
Esqueça de tua vida a amargura
Colha o fruto inexistente da figueira!
Por Carol e Cora.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Fantasias alheias
Imaginem só, julgaram-me livre!
Coitados, não sabem em que mundo vivem
Às vezes fico eu, aqui pensando
Discursando com meus botões, filosofando;
Definimos "livre", conjecturamos.
Mas, diga-me, podemos nós conhecer algo que nunca provamos?
Coitados, não sabem em que mundo vivem
Às vezes fico eu, aqui pensando
Discursando com meus botões, filosofando;
Definimos "livre", conjecturamos.
Mas, diga-me, podemos nós conhecer algo que nunca provamos?
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Pausa fugaz para o estro : O Sonho de la Damme Ilusão. Por Juan Dios
Agora vou lhe contar
Sobre a princesa que ninguém quis ser
Uma alma que pela eternidade irá sofrer
Agora vou lhe mostrar
A crueldade do ser
Uma humanidade a difamar
Matou a mais bela Dama do Saber
Sua História
Sua história se passou
Numa cidade que se acabou
Onde tudo começou
Acima do horizonte, abaixo do luar
Sua história se passa no Rio à Beira-Mar
-Quem é a garota maluca?
-Coitada, a que tem a mãe caduca
E o resto da família adúltera?
Ah, tornou-se prostituta pra pagar a multa
Que a vida lhe fez pagar
Aos dez tentou se matar
Mas até nisso fracassou
Então todas as noites da boa injetou
Vendeu seu corpinho pra mandar a cabeça pro ar
Aos treze de tudo abdicou
Sua alma já não sabia mais amar
Seu pai metia nela, sua mãe usava a panela
Do vigésimo andar tentou pular da janela
Aos quinze perdera sua graça
Seus olhos marcavam desgraça, sua palavra era ameaça
Um dia a amarraram na praça
E a comeram como traça
Sonhava grande a pobre menina
Achava que logo seria esquecida, como tudo na vida
Fugiu de casa, virou foragida
Ia aos bares roubar bebida
Conquistou muitos amores, cheirou muitas "flores"
Esqueceu seus horrores e afogou seus pavores
Mas fugir não levou a nada
Logo, logo foi encontrada, amordaçada
Arrastada pelas ruas envergonhada
Cuspiram, pisaram e gritaram
A prenderam na cruz à martelada
E até a morte foi estuprada
Assim se foi a pobre menina arregaçada:
Sem honra, sem amor, com apenas uma história mal-contada.
Seus devaneios:
Você agora vai ler
A mente perdida da Dama do Saber
São delírios alheios
Um diário de devaneios
Que passam por sua infância
Por sua falta de jactância
Por sua paixão iludida
Por sua vida inibida
O Presente do Pretérito
Mais um dia de glória perdida
De soledade desiludida
De amor esquecido
De máquina vivida
Outro dia em que não sou mais eu
Em que vagueio num amor que se perdeu
Em que sinto falta, sinto medo
De perder o que talvez nunca tive
De esquecer meus sonhos tão cedo
Viração incômoda
Não gosto do calor em meu corpo
Não gosto quando parece morto
Junto com o sorriso maroto
Não gosto de andar por linhas tortas
Não gosto de bater contra portas
De sentir no dia seguinte as esquecidas derrotas
Será que sou eu,
Ou o mundo pretende gostar do desagradável?
Dizendo suportar o insuportável
Oh Mundo, não consigo sentir prazer
Com o que dizem ser a melhor sensação a se ter
Oh Mundo, não minta para mim
E diga que enganou parvos com o ruim
Sair do corpo e não poder voltar
Entrar nele sem se lembrar de como foi voar
Não vejo a beleza em gostar de errar
Ver a demência da sociedade
Enganar a si mesmo com tamanha naturalidade
Sinto que o peso do mundo na minha cabeça se enterra
Meu corpo quer descer ao centro da Terra, mas minha mente quer guerra
Meu coração não precisa cantar essa canção
Minha imaginação vai além dessa ilusão
Prefiro viver somente da paixão
E morrer sem fumaça no pulmão.
Inclinação exclusiva
Quantas palavras ainda irão morrer
Quanto sonhos irei esconder?
Quantos sorrisos tolos estão por vir
Aqueles pelos quais eu me perdi
Tenho como desculpa a tolice da juventude
Ou a ignorância como virtude
Mas é você quem me condena
E não creio que valha a pena
Oh meu amor, que alegria você me traz!
Seu olhar me faz tão mais vivaz
Mas só te amo quando não te vejo
Quando seus lábios não me enojam um beijo
E é tão estranha essa paixão
Não sei se é cego meu coração
Mas ele vê a beleza que meus olhos se recusam a ver
Não sei se é certo ou se não quero te perder
E essa insegurança faz duvidar minha mente
Agora já me sinto diferente
Hoje te desprezei, ontem te amei
Quero te amar mas sei que não o farei
Vício utópico
Por que seus olhos brilham com tanto mistério?
Procurando os meus numa dança curiosa
E me enganam quando os olho
E fogem quando os procuro
Por que vejo tanta beleza em sua face
Mesmo sentindo minha mente negando?
Não quero viver sonhando
Mas fujo quando quero enfrentar, calo quando tenho infinitos versos a pronunciar
Saiba que quero te amar
Que as palavras inexistentes não irão nos afastar
Então venha comigo, dê-me sua mão
Dançaremos pra sempre sem solidão!
Nostálgica memória
Nossos olhos tremem nervosos
Procurando os sorrisos calorosos
Os rostos tão bem conhecidos
Rostos em momento algum esquecidos
Queremos tocar nosso país tropical
Queremos beijar a beleza jovial
Roubada de nossas bocas caladas
Nossos corações cantam versos perdidos
Amargurados sem saber dos velhos amigos
Nossas mentes não cansam de gritar
Nossas bocas desaprenderam a cantar
A nova canção nos faz chorar
Aqui não cantam como lá
Lá não te amo como aqui
O logro
São seus olhos que cegam minha razão
Suas mãos hesitam meu peito
Quando meus lábios faltam respeito
Sinto que perdi cedo meu coração
Quando seus olhos sorriem para os meus
Quando meu sorriso toca o seu
Meu corpo treme e minha alma ri
Minha mente se orgulha de algo que não vivi
Naquele dia morreu minha razão
Se falsas lágrimas fizessem efeito
Continuaria com meu sóbrio defeito
Seria eternamente amante da solidão
Mas noutro dia morrerá minha ilusão
O tempo trouxe cedo a decepção
Nossos jovens corações estarão tão distantes
Minha velha mente esquecerá num instante
Canto da dor
Onde está minha inspiração?
Por que as palavras temem tanto a solidão?
Não me olhe com seus olhos penosos
Já não ouço seus versos venenosos
Essa sua rotina me tira a razão
Me devora, me destrói, me cansa a paixão
Essa sua mente me faz sofrer
Me engorda, me deforma, me cansa de viver
Não me julgue com suas lágrimas de dor
Elas não têm mais força para o amor
Vou te deixar criança, seu rosto mostra a verdade
Não quero sentir em seu corpo a realidade
Vou te amar esperança, seus olhos me pedem perdão
Não quero te sentir mas não tenho opção
Eu vou lutar, vou voltar
Ainda tenho a Ilusão para amar
Vou ganhar, vou amar
Ainda tenho forças para lutar
Seu exagero não irá me impedir, vou viver
Meus lábios sorrirão, você verá
Então adeus, criança tristeza
Vou viver minha única certeza: ainda sei amar.
--------------------------------------------------
Cansei de meus olhos mortos
Cobertos por essa tristeza nua
O que me fez para ter sorrisos mórbidos?
Por que essa vasta emoção crua?
São esses dias errôneos de solidão
Esses defeitos que me devoram o coração
Temo seus erros deixar de odiar
Nesses dias que mentem devagar
Cansei de meus devaneios melancólicos
Me irritam meus olhos alcoólicos
Meus versos rimam rimas já escritas
Me enojam minhas unhas ruídas
...
Ódio rebatido
Esse amor inexistente
Faz duvidar sua inerte mente?
Tens razão, meu amor
Esses meus olhos falham ardor
Se escondem no fingimento
Pois seu corpo é fraco, não me contento
Fui tola, confesso
Você hesita, não te impeço
Tão pobre meu amor, tão cego
Sua tristeza não me afeta, não nego
Sua incerteza me diverte, admito
Mas sua inércia me causa dor
Você é pouco, pouco não merece meu amor.
Pequenos hinos
Amor? Nunca soube como amar
Nem sei se já o sei
Pode ser que seja seu olhar
Pode ser que nunca amei!
Tão longe, tão perto
Os meses passam como dias
Os dias brincam com minha mente
Quando acordo já sou diferente.
Desilusão
Procurei em outras bocas seu sorriso
Em outros cantos sua voz
Me enganei com uma solidão inventada
Enlouqueci quando me vi acostumada
Quando percebi que o que me faltava
Já não era mais seu corpo
Que não foram seus lábios
Quando descobri que você não tem a cura
Para minha ilusão solitária
Obrigada
Pelo amor que nunca senti
Pelo sonho que ainda não tive
Pelo mundo que ainda não vi.
La plus belle des ilusions
Ma pensée chasse mon coeur
Ma rebeldie regrette mon corps
Si je pouvais changer le temps...
Mais ma vie refuse mon sourire, et je n'ai plus envie
La realité me manque, je ne peux plus mentir
Donne-moi ta joie, tes amours, ta vie
Raconte-moi comment c'est aimer
Car cela, je n'ai jamais gôuté.
Ma soletude fait tomber des fausses larmes
Mes yeux te suplient liberté
Je ne suis plus que de rêves
Je n'en veux plus de leur realité
Les étoiles me disent "au revoir", quand je marche sur les grèves
Les arbres me couchent le soir, quand mon corps n'a plus d'espoir
Les oiseaux chantent mes pas
Mon corps est loin, il ne reviendras pas.
Morbidez poética
Dei valor à degradação
Deixei a morte levar cedo minha afeição
Se apenas eu soubesse o peso de meus pecados
Se conhecesse o frio torturante da culpa
Ah! Malditos sonhos renegados
Matam meu corpo que já não luta
Enlouquecem minha mente perdida
Controlam minhas mãos lânguidas
Rogo, imploro, derramo lágrimas de vergonha
Mas não posso me mover,
Meus olhos não encaram essa face medonha
Ah! Lave minhas mãos sujas de traição
Salve-me da condenação!
Não deixe a morte provar piedade,
Não sou digna de humanidade!
Adeus!
-------------------------------------------------
Agora já você já sabe a triste história
Da Dama sem Glória
A verdade desgraçada
D'alma abandonada
Conte à quem ver
O mundo deve saber
A humanidade não valhe a pena
É uma pena.
Fim
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
CAPÍTULO 3
A brisa doce carregava o odor nocivo da peste, derrubando com calma as folhas de outono.
Desolada, Sophie não temia mais a morte. Pelo contrário, a buscava em cada canto daquela cidade infestada. O cheiro repugnante de urina e carniça estava impregnado nas ruas mórbidas de Paris. Andar por elas era um risco dos miseráveis apenas, que não possuiam outra escolha senão passar ali o resto de seus dias penosos, esperando com esperança a visita da Morte. Sophie não era miserável, porém, se identificava com a desgraça dos que o eram. Assim, decidiu passar o restante de sua curta vida por entre eles, sendo essa sua tentativa de suicídio indecoroso.
Além dos indigentes, passeavam pelas ruas fétidas de Paris os chamados libertinos. Sem terem o que perder, esses bon-vivants arriscavam suas improfícuas vidas pagando barato por indecentes noites com meretrizes, ou festejando a desgraça pelos becos da cidade. Muitos deles eram poetas, poucos possuiam o dom; mas todos recitavam. Quando alcançavam o auge da embriaguez, saíam dos bares aos bandos, montavam com caixotes um palco improvisado e desatavam a gritar rimas.
Eram, naturalmente, detestados pela nata burguesa da sociedade. Aos olhos dos aristocratas, chegavam quase ao nível dos ratos pretos que espalhavam a peste, e que portanto, deveriam ser eliminados sem compaixão. De fato, no princípio, os soldados se divertiam fuzilando o maior número possível de ratos poetas. Mas, aos poucos, preferiram contrariar as ordens do rei, temendo mais a morte do que sua ira, e abandonaram o serviço.
Sabiam que aqueles hereges morreriam logo pela ordem de Deus, afinal, ninguém sobrevivia à peste.
Ninguém, fora nosso ilustre poeta Juan Dios.
Não porque era um homem forte, muito pelo contrário, Juan era miúdo e descarnado. Logo quando nasceu, fora abandonado pela pai desesperado, que o deixara numa ruela qualquer, acreditando que Deus lhe daria um destino melhor do que aquele que ele lhe havia reservado.
Fora resgatado logo em seguida por uma menina que, impressionada pela beleza e perfeição de seu choro, o levara para casa. A rapariga contara à mãe sobre o canto do bebê, que se assemelhava ao mais belo dos poemas. A mãe, apesar de impressionada pela história da filha, não poderia sustentar outra criança, pois já havia parido quinze e adotado outras cinco.
Ela o deixara então para os cuidados do padre, que o aceitara com a benevolência típica de um homem do seu cargo. Porém, sua generosidade fora breve: após apenas 2 anos passados ele renunciara o menino. A razão? Seu inexplicável talento em tudo o que fazia. Mesmo seu choro era talentoso! Aprendera a falar em seu primeiro ano de vida, e em seu segundo, já era capaz de conversar. Ainda mais surpreendente era a sua fala em questão. Ela era dotada de uma poesia extraordinária. No princípio, Juan falava em rimas, despertando a curiosidade do padre. Mas essa curiosidade se transformou logo em terror: ora, o garoto era ou divino ou satânico. E o padre admitiu a segunda suposição, para infortúnio de Juan, que fora deixado à mercê da desgraça das ruas.
Nelas, vagabundeou por um tempo, até ser encontrado por Manoel, o dono de um bar da cidade. Surpreso pela capacidade de comunicação que o rapaz possuia, Manoel decidiu levá-lo a um lugar mais adequado, onde ele poderia ter um futuro promissor: o orfanato. Manoel acreditava que lá Juan faria amigos, seria tratado como um pequeno príncipe, trabalharia seu dom. Infelizmente, ele estava enganado.
O período que Juan passou no orfanato fora o pior de sua longa vida. Obviamente que, em uma casa com quatro quartos para mais de 100 crianças, Juan não poderia ser propriamente tratado com carinho e atenção. Na verdade, fora tratado de maneira oposta. Era espancado ao nascer do Sol, então obrigado a cozinhar e estritamente proibido de pronunciar uma palavra sequer. Suas folhas foram roubadas, assim como suas penas, para que não pudesse exercer o dom da poesia. Quando alcançou os 12 anos, num acesso de raiva insana, assassinou a sangue-frio uma das monitoras e fugiu para longe dali. Seu retorno seria para vingança apenas.
Os anos que se seguiram foram passados nas ruas da cidade. Juan passara três anos caminhando em paralelepípedos sujos, bebendo da água pútrida do rio, comendo ratos imundos, tornando-se imune a qualquer doença que Paris pudesse oferecer. Quando estava à beira da morte por desnutrição, um jovem chamado Miguel foi lhe salvar. Miguel era um libertino, desafiador da morte e amante do perigo. Ao ver Juan, magro, fétido e sem esperanças, decidiu aprensentá-lo ao paraíso meio ao inferno. Decidiu integrá-lo ao bando dos bon-vivants. Decidiu fazer de Juan, um artista. E então, Juan se juntou ao bando de Miguel, encerrando a vida inconstante que costumava levar.
E assim se passaram os anos. Sua infância se restringira à mudanças contínuas, sem nunca passar em uma casa tempo suficiente para chamá-la de lar. Juan nunca provara do doce amor materno, nunca tivera uma família. Sua mente se preenchera de ódio e descrença, até chegar no estágio absoluto da indiferença. Recitava poemas vazios em caixas vazias nas ruas vazias. Aos 15 anos, Juan possuia a desilusão de um homem moribundo.
E fora essa a única razão para sua sobrevivência na infestada Paris: sua deplorável existência indiferente.
Desolada, Sophie não temia mais a morte. Pelo contrário, a buscava em cada canto daquela cidade infestada. O cheiro repugnante de urina e carniça estava impregnado nas ruas mórbidas de Paris. Andar por elas era um risco dos miseráveis apenas, que não possuiam outra escolha senão passar ali o resto de seus dias penosos, esperando com esperança a visita da Morte. Sophie não era miserável, porém, se identificava com a desgraça dos que o eram. Assim, decidiu passar o restante de sua curta vida por entre eles, sendo essa sua tentativa de suicídio indecoroso.
Além dos indigentes, passeavam pelas ruas fétidas de Paris os chamados libertinos. Sem terem o que perder, esses bon-vivants arriscavam suas improfícuas vidas pagando barato por indecentes noites com meretrizes, ou festejando a desgraça pelos becos da cidade. Muitos deles eram poetas, poucos possuiam o dom; mas todos recitavam. Quando alcançavam o auge da embriaguez, saíam dos bares aos bandos, montavam com caixotes um palco improvisado e desatavam a gritar rimas.
Eram, naturalmente, detestados pela nata burguesa da sociedade. Aos olhos dos aristocratas, chegavam quase ao nível dos ratos pretos que espalhavam a peste, e que portanto, deveriam ser eliminados sem compaixão. De fato, no princípio, os soldados se divertiam fuzilando o maior número possível de ratos poetas. Mas, aos poucos, preferiram contrariar as ordens do rei, temendo mais a morte do que sua ira, e abandonaram o serviço.
Sabiam que aqueles hereges morreriam logo pela ordem de Deus, afinal, ninguém sobrevivia à peste.
Ninguém, fora nosso ilustre poeta Juan Dios.
Não porque era um homem forte, muito pelo contrário, Juan era miúdo e descarnado. Logo quando nasceu, fora abandonado pela pai desesperado, que o deixara numa ruela qualquer, acreditando que Deus lhe daria um destino melhor do que aquele que ele lhe havia reservado.
Fora resgatado logo em seguida por uma menina que, impressionada pela beleza e perfeição de seu choro, o levara para casa. A rapariga contara à mãe sobre o canto do bebê, que se assemelhava ao mais belo dos poemas. A mãe, apesar de impressionada pela história da filha, não poderia sustentar outra criança, pois já havia parido quinze e adotado outras cinco.
Ela o deixara então para os cuidados do padre, que o aceitara com a benevolência típica de um homem do seu cargo. Porém, sua generosidade fora breve: após apenas 2 anos passados ele renunciara o menino. A razão? Seu inexplicável talento em tudo o que fazia. Mesmo seu choro era talentoso! Aprendera a falar em seu primeiro ano de vida, e em seu segundo, já era capaz de conversar. Ainda mais surpreendente era a sua fala em questão. Ela era dotada de uma poesia extraordinária. No princípio, Juan falava em rimas, despertando a curiosidade do padre. Mas essa curiosidade se transformou logo em terror: ora, o garoto era ou divino ou satânico. E o padre admitiu a segunda suposição, para infortúnio de Juan, que fora deixado à mercê da desgraça das ruas.
Nelas, vagabundeou por um tempo, até ser encontrado por Manoel, o dono de um bar da cidade. Surpreso pela capacidade de comunicação que o rapaz possuia, Manoel decidiu levá-lo a um lugar mais adequado, onde ele poderia ter um futuro promissor: o orfanato. Manoel acreditava que lá Juan faria amigos, seria tratado como um pequeno príncipe, trabalharia seu dom. Infelizmente, ele estava enganado.
O período que Juan passou no orfanato fora o pior de sua longa vida. Obviamente que, em uma casa com quatro quartos para mais de 100 crianças, Juan não poderia ser propriamente tratado com carinho e atenção. Na verdade, fora tratado de maneira oposta. Era espancado ao nascer do Sol, então obrigado a cozinhar e estritamente proibido de pronunciar uma palavra sequer. Suas folhas foram roubadas, assim como suas penas, para que não pudesse exercer o dom da poesia. Quando alcançou os 12 anos, num acesso de raiva insana, assassinou a sangue-frio uma das monitoras e fugiu para longe dali. Seu retorno seria para vingança apenas.
Os anos que se seguiram foram passados nas ruas da cidade. Juan passara três anos caminhando em paralelepípedos sujos, bebendo da água pútrida do rio, comendo ratos imundos, tornando-se imune a qualquer doença que Paris pudesse oferecer. Quando estava à beira da morte por desnutrição, um jovem chamado Miguel foi lhe salvar. Miguel era um libertino, desafiador da morte e amante do perigo. Ao ver Juan, magro, fétido e sem esperanças, decidiu aprensentá-lo ao paraíso meio ao inferno. Decidiu integrá-lo ao bando dos bon-vivants. Decidiu fazer de Juan, um artista. E então, Juan se juntou ao bando de Miguel, encerrando a vida inconstante que costumava levar.
E assim se passaram os anos. Sua infância se restringira à mudanças contínuas, sem nunca passar em uma casa tempo suficiente para chamá-la de lar. Juan nunca provara do doce amor materno, nunca tivera uma família. Sua mente se preenchera de ódio e descrença, até chegar no estágio absoluto da indiferença. Recitava poemas vazios em caixas vazias nas ruas vazias. Aos 15 anos, Juan possuia a desilusão de um homem moribundo.
E fora essa a única razão para sua sobrevivência na infestada Paris: sua deplorável existência indiferente.
domingo, 4 de janeiro de 2009
o Luxo dos poetas. CAPÍTULO 2
Mentiras. Juan sabia que eram palavras falsas aquelas pronunciadas pelo guarda. Sabia tão bem, que não se preocupou. Nem por um momento pensou no que o homem havia dito.
Talvez tenha sido esse seu maior erro.
Sem ter o que fazer, sentiu seu estômago latejar. Havia passado dias sem comer, se contentando apenas com suas rimas. "Não me alimento de letras". Ela havia razão, sempre houvera. Sophie era sábia, os anos lhe ensinaram truques, a idade colecionara segredos. Era forte também, perdera sua família, todos condenados pela peste negra. Perdera seu lar, seu orgulho, sua razão para continuar. Ela já não era jovem, verdade, mas sua alma e corpo foram preservados. Suas curvas negavam seus 30 anos passados, seu sorriso denunciava a criança que permanecera. Rejuvenescera assim que encontrara o verdadeiro amor. Juan era ainda uma criança, ela sabia disso, mas não existem olhos no coração.
Se conheceram em tempos inoportunos, a Europa sofria a maior onda de mortandade que jamais varrera o mundo. Os homens se evitavam, parentes se distanciavam, irmão era esquecido por irmão, muitas vezes o marido pela mulher; e o que é pior e difícil de acreditar, pais e mães abandonavam os filhos à sua sorte, sem nunca mais os verem, como se fossem estranhos.
Em tempos como esse, o amor era esquecido, se tornando uma palavra estranha, um sonho distante, uma ilusão absurda. Um luxo dos poetas.
Voltemos, portanto, ao princípio de nossa história, ao ano em que o amor foi redescoberto. Voltemos à 1346, dia 14 de outubro.
Talvez tenha sido esse seu maior erro.
Sem ter o que fazer, sentiu seu estômago latejar. Havia passado dias sem comer, se contentando apenas com suas rimas. "Não me alimento de letras". Ela havia razão, sempre houvera. Sophie era sábia, os anos lhe ensinaram truques, a idade colecionara segredos. Era forte também, perdera sua família, todos condenados pela peste negra. Perdera seu lar, seu orgulho, sua razão para continuar. Ela já não era jovem, verdade, mas sua alma e corpo foram preservados. Suas curvas negavam seus 30 anos passados, seu sorriso denunciava a criança que permanecera. Rejuvenescera assim que encontrara o verdadeiro amor. Juan era ainda uma criança, ela sabia disso, mas não existem olhos no coração.
Se conheceram em tempos inoportunos, a Europa sofria a maior onda de mortandade que jamais varrera o mundo. Os homens se evitavam, parentes se distanciavam, irmão era esquecido por irmão, muitas vezes o marido pela mulher; e o que é pior e difícil de acreditar, pais e mães abandonavam os filhos à sua sorte, sem nunca mais os verem, como se fossem estranhos.
Em tempos como esse, o amor era esquecido, se tornando uma palavra estranha, um sonho distante, uma ilusão absurda. Um luxo dos poetas.
Voltemos, portanto, ao princípio de nossa história, ao ano em que o amor foi redescoberto. Voltemos à 1346, dia 14 de outubro.
sábado, 3 de janeiro de 2009
Ameaças lancinantes. CAPÍTULO 1
O ano era 1351.
Quando acordou já era dia, embora as nuvens ocultassem o sol de inverno. Juan virou-se, de forma que pudesse admirar o rosto de sua amante. Como ela era bela! Seus cabelos negros cobriam-lhe a boca carnuda e vermelha, suas pálpebras ocultavam seus olhos verdes, tudo naquele rosto parecia ter sido magistralmente posicionado. Suas rugas desapareciam frente à calma de seus sonhos.
Juan tocou-lhe o rosto. Era liso como a mais pura seda. Beijou-lhe a face antes de sair da cama. Caminhou por seu humilde casebre, procurando em vão por um velho pão para comer. Passava por tempos difíceis, mas em tempos como aquele, tinha sorte de estar vivo.
Sem ter com o que enganar o estômago, desatou a escrever. Gostava daquilo, queria viver de sua pena somente, mas bem sabia que não existia espaço no mercado para um poeta miserável. Se contentava em declarar seus versos nas praças, ao menos ganhava uns poucos e podres tomates.
"Meus sonhos movem meus dedos
Quem há de impedir meus medos
Quem há de julgar meus versos pobres
Quando meus olhos os vêem nobres?"
Era sua desculpa a inspiração. Sonhava grande o pobre menino, acreditava no poder de suas palavras, cria que ainda havia de ser afamado pelo rei.
Escrevia sem cessar quando ouviu os passos de sua amante.
"O que faz? Onde está o pão?" indagou Sophie.
"Não pude controlar, minha amada, minhas mãos foram mais ligeiras que minha mente! Lá estava eu, à procura dum pão, quando senti meu coração vibrar. São os versos, Sophie. Quem se importa com a comida quando ainda temos as palavras?"
"Não me alimento de letras, pequeno." Ela beijou o rosto malogrado de Juan, e saiu às ruas.
Maldito momento em que Juan não pode segurá-la. Tentou tocar seus braços mas já era tarde, ela se fora. Mal sabia nosso caro Juan que seria para nunca mais voltar.
Juan esperou. O tempo passava incerto, o ponteiro custava a se mover, nosso herói teimava em escrever. Depois do que pareceram segundos, uma batida forte na porta o tirou de seu devaneio. Haviam guardas plantados em sua porta.
Sem hesitar, ele abriu o que se assemelhava a um pedaço de madeira pútrida, usada como porta.
"Juan Dios?" A voz do guarda lembrava um rato com cólicas.
"Depende. Se o senhor estiver se referindo ao safado que roubou o pão de padeiro, lamento lhe informar que bateu na porta errada." Um sorriso cobriu seu rosto. Nunca soubera mentir.
"Criança tola, deveria ser preso por tua jactância!" Exaltado, o guarda parou para recuperar o fôlego. "Mas, felizmente, tenho punição melhor."
Houve um breve momento de silêncio, antes de Juan decidir que o homem estava apenas o assustando com falsas ameaças.
"Tua presença já basta como punição, assim como teu hálito putrefacto. Agora saia de minha casa, homem torpe, pois tuas blafémias não me afetam. Palavra alguma é capaz de me acusar, sou um jovem cândido, nunca desacatei o Rei."
O guarda desatou a rir. Suas gargalhadas penetraram na mente de Juan.
"Só lhe digo uma coisa, pequeno verme, podes não temer minhas palavras, mas deves acreditar no que teus olhos imundos vêem. Com uma ordem do Rei perderás a vida de tua amada. Uma ordem, e a justiça será finalmente feita!"
"O que queres dizer, não entendo. Desculpe-me, mas não falo a língua dos porcos. Saia de minha casa! Guarde tua língua venenosa para outros tolos." A voz do menino perdera o tom de escárnio.
Juan tentou empurrá-lo, mas o homem tinha três vezes sua altura e largura. Persistente, ele o pôs para fora, mas não fora o suficiente para fazê-lo calar. Já na rua, o guarda gritava com ódio venenoso.
"Ouça bem, jovem miserável, Deus castiga a mulher que abraça o pecado. Aquela anciã terá o castigo que merece! Provaste do veneno funesto da velha, não é mesmo? Tocaste seu corpo culposo? Foste enganado pela serpente, meu caro! Terás teu castigo nas chamas do INFERNO!"
"Saia! SAIA!" Seu rosto denunciava desgosto, não aguentava mais mentiras.
Quando acordou já era dia, embora as nuvens ocultassem o sol de inverno. Juan virou-se, de forma que pudesse admirar o rosto de sua amante. Como ela era bela! Seus cabelos negros cobriam-lhe a boca carnuda e vermelha, suas pálpebras ocultavam seus olhos verdes, tudo naquele rosto parecia ter sido magistralmente posicionado. Suas rugas desapareciam frente à calma de seus sonhos.
Juan tocou-lhe o rosto. Era liso como a mais pura seda. Beijou-lhe a face antes de sair da cama. Caminhou por seu humilde casebre, procurando em vão por um velho pão para comer. Passava por tempos difíceis, mas em tempos como aquele, tinha sorte de estar vivo.
Sem ter com o que enganar o estômago, desatou a escrever. Gostava daquilo, queria viver de sua pena somente, mas bem sabia que não existia espaço no mercado para um poeta miserável. Se contentava em declarar seus versos nas praças, ao menos ganhava uns poucos e podres tomates.
"Meus sonhos movem meus dedos
Quem há de impedir meus medos
Quem há de julgar meus versos pobres
Quando meus olhos os vêem nobres?"
Era sua desculpa a inspiração. Sonhava grande o pobre menino, acreditava no poder de suas palavras, cria que ainda havia de ser afamado pelo rei.
Escrevia sem cessar quando ouviu os passos de sua amante.
"O que faz? Onde está o pão?" indagou Sophie.
"Não pude controlar, minha amada, minhas mãos foram mais ligeiras que minha mente! Lá estava eu, à procura dum pão, quando senti meu coração vibrar. São os versos, Sophie. Quem se importa com a comida quando ainda temos as palavras?"
"Não me alimento de letras, pequeno." Ela beijou o rosto malogrado de Juan, e saiu às ruas.
Maldito momento em que Juan não pode segurá-la. Tentou tocar seus braços mas já era tarde, ela se fora. Mal sabia nosso caro Juan que seria para nunca mais voltar.
Juan esperou. O tempo passava incerto, o ponteiro custava a se mover, nosso herói teimava em escrever. Depois do que pareceram segundos, uma batida forte na porta o tirou de seu devaneio. Haviam guardas plantados em sua porta.
Sem hesitar, ele abriu o que se assemelhava a um pedaço de madeira pútrida, usada como porta.
"Juan Dios?" A voz do guarda lembrava um rato com cólicas.
"Depende. Se o senhor estiver se referindo ao safado que roubou o pão de padeiro, lamento lhe informar que bateu na porta errada." Um sorriso cobriu seu rosto. Nunca soubera mentir.
"Criança tola, deveria ser preso por tua jactância!" Exaltado, o guarda parou para recuperar o fôlego. "Mas, felizmente, tenho punição melhor."
Houve um breve momento de silêncio, antes de Juan decidir que o homem estava apenas o assustando com falsas ameaças.
"Tua presença já basta como punição, assim como teu hálito putrefacto. Agora saia de minha casa, homem torpe, pois tuas blafémias não me afetam. Palavra alguma é capaz de me acusar, sou um jovem cândido, nunca desacatei o Rei."
O guarda desatou a rir. Suas gargalhadas penetraram na mente de Juan.
"Só lhe digo uma coisa, pequeno verme, podes não temer minhas palavras, mas deves acreditar no que teus olhos imundos vêem. Com uma ordem do Rei perderás a vida de tua amada. Uma ordem, e a justiça será finalmente feita!"
"O que queres dizer, não entendo. Desculpe-me, mas não falo a língua dos porcos. Saia de minha casa! Guarde tua língua venenosa para outros tolos." A voz do menino perdera o tom de escárnio.
Juan tentou empurrá-lo, mas o homem tinha três vezes sua altura e largura. Persistente, ele o pôs para fora, mas não fora o suficiente para fazê-lo calar. Já na rua, o guarda gritava com ódio venenoso.
"Ouça bem, jovem miserável, Deus castiga a mulher que abraça o pecado. Aquela anciã terá o castigo que merece! Provaste do veneno funesto da velha, não é mesmo? Tocaste seu corpo culposo? Foste enganado pela serpente, meu caro! Terás teu castigo nas chamas do INFERNO!"
"Saia! SAIA!" Seu rosto denunciava desgosto, não aguentava mais mentiras.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Prólogo
Comecemos pelo protagonista, trataremos do espaço e do tempo posteriormente.
Juan Dios era um sujeito peculiar, como afirmavam as numerosas bocas intriguistas do vilarejo onde morava. "Dizem por essas bandas que mora naquela casa a encarnação de toda miséria e desgraça existente nas almas pecadoras. Toda a misantropia do mundo nas costas de um único homem, a quem chamamos de Dom Juan. O diabo encarnado num corpo abençoado, possui os olhos mais doces que o puro mel, a voz tão melíflua que penetra como uma canção em nossos ouvidos. Mas creio que aquele pobre homem deixou sua alma vazar por suas lágrimas. Daria o mundo para saber por quem aquela criatura tanto derrama tristeza. Por Deus, daria o universo para ser eu o motivo de sua melancolia. Se apenas todo o ouro que possui pudesse comprar-lhe um sorriso..." é o que contou uma velha senhora, de olhar decrépito e jeito senil. Ela não era a única a palpitar sobre nosso misterioso protagonista. As intrigas eram tantas que ele acabou por tornar-se uma lenda, a qual todos pensavam conhecer perfeitamente.
A verdade é que pessoa alguma naquele vilarejo entendia a dor insuportável de nosso pobre Juan. Infelizmente, apenas dois seres nesse mundo conhecem sua história, e um deles, por motivo que relatarei em tempo, não pode mais cantar. O outro, para regozijo do senhor, leitor, sou eu.
Tomei conhecimento da existência de Juan assim que me tornei gente. Desde pequeno era notado por sua beleza anormal, sabia declarar as mais belas frases nos mais oportunos momentos, proeza que lhe concebeu inúmeras amantes. Seu coração, porém, cumpria nada mais que sua função biológica. Dizia não saber provar o doce vício que chamamos de amor.
Tal repulsa ao afeto nunca me pareceu estranha, afinal, não poderia esperar nada mais de um jovem órfão senão a obscuridade rancorosa e melancólica de seu coração partido.
Pobre desgraçado, perdeu seus pais antes que a memória lhe permitisse gravar seus rostos. Vivenciou o assassinato impiedoso da mãe, cometido por seu própio pai. Dizia-se contente por perdê-la tão jovem, assim não guardou em sua mente tal cena. Seu pai desaparecera, deixando-o à mercê desse mundo cruel.
Vivera por um tempo nas ruas pútridas de Paris, até ser acolhido por uma generosa mas miserável padeira. Sophie era seu nome. Nunca consegui descobrir ao certo se fora ela sua primeira desilusão, primeira de tantas outras...
A vida com Sophie foi seu primeiro passo em direção à solidão, impenetrável e gélida, mas mascarada por um rosto prazenteiro. Era essa uma característica extremamente marcante em nosso caro Juan: a dissimulação.
Podemos definir dois Juan Dios, um que sacrificaria a própia carne por aquele que seu coração julgasse importante; e outro que enganaria virgens inocentes, sentindo o gosto sórdido de ver a solidão corromper suas singelas almas.
Tivera que mudar diversas vezes, nunca permanecera tempo suficiente para formar vínculos, ou quaisquer relacionamentos que lembrassem uma amizade. Aos 17 anos, quando fora obrigado a deixar a casa que tanto amava, aquela de Sophie, engrenou numa aventura solitária, que o levou a diversos suicídios mal-sucedidos e mortes mal-resolvidas.
Abandonou seu lar quando beijou a desilusão. Após 12 anos passados com a padeira, uma única palavra bastou para acabar com a perfeição de sua vida. "Mate-a". A voz que pronunciara a condenação nunca deixou de ecoar na mente de Juan. "Mate-a", disse o capataz. "Matem-na!" gritou o povo torpe.
A injustiça daquela noite mórbida perseguiu os sonhos de Juan, nunca compreendera a razão pela qual tiraram a vida de sua única amada. Fora de uma noite estrelada para uma manhã nublada que seu mundo mudou.
Sua vida era boa, gozava da felicidade extrema que provava a cada dia que passava. Tudo havia tocado a harmonia ideal.
Conquistara Sophie. Ele era novo, verdade, apenas um jovem tolo, diziam as velhas da cidade. Mas quem há de julgar o amor mais puro e sincero entre amantes? Quem há de dizer a idade do amor? Ama-se quando criança, ama-se quando jovem, ama-se quando senil, ama-se pela eternidade!
Por que ordem se deve proibir tal amor? Um jovem nunca é novo demais para amar, aliás, é o único que sabe fazê-lo.
Juan Dios era um sujeito peculiar, como afirmavam as numerosas bocas intriguistas do vilarejo onde morava. "Dizem por essas bandas que mora naquela casa a encarnação de toda miséria e desgraça existente nas almas pecadoras. Toda a misantropia do mundo nas costas de um único homem, a quem chamamos de Dom Juan. O diabo encarnado num corpo abençoado, possui os olhos mais doces que o puro mel, a voz tão melíflua que penetra como uma canção em nossos ouvidos. Mas creio que aquele pobre homem deixou sua alma vazar por suas lágrimas. Daria o mundo para saber por quem aquela criatura tanto derrama tristeza. Por Deus, daria o universo para ser eu o motivo de sua melancolia. Se apenas todo o ouro que possui pudesse comprar-lhe um sorriso..." é o que contou uma velha senhora, de olhar decrépito e jeito senil. Ela não era a única a palpitar sobre nosso misterioso protagonista. As intrigas eram tantas que ele acabou por tornar-se uma lenda, a qual todos pensavam conhecer perfeitamente.
A verdade é que pessoa alguma naquele vilarejo entendia a dor insuportável de nosso pobre Juan. Infelizmente, apenas dois seres nesse mundo conhecem sua história, e um deles, por motivo que relatarei em tempo, não pode mais cantar. O outro, para regozijo do senhor, leitor, sou eu.
Tomei conhecimento da existência de Juan assim que me tornei gente. Desde pequeno era notado por sua beleza anormal, sabia declarar as mais belas frases nos mais oportunos momentos, proeza que lhe concebeu inúmeras amantes. Seu coração, porém, cumpria nada mais que sua função biológica. Dizia não saber provar o doce vício que chamamos de amor.
Tal repulsa ao afeto nunca me pareceu estranha, afinal, não poderia esperar nada mais de um jovem órfão senão a obscuridade rancorosa e melancólica de seu coração partido.
Pobre desgraçado, perdeu seus pais antes que a memória lhe permitisse gravar seus rostos. Vivenciou o assassinato impiedoso da mãe, cometido por seu própio pai. Dizia-se contente por perdê-la tão jovem, assim não guardou em sua mente tal cena. Seu pai desaparecera, deixando-o à mercê desse mundo cruel.
Vivera por um tempo nas ruas pútridas de Paris, até ser acolhido por uma generosa mas miserável padeira. Sophie era seu nome. Nunca consegui descobrir ao certo se fora ela sua primeira desilusão, primeira de tantas outras...
A vida com Sophie foi seu primeiro passo em direção à solidão, impenetrável e gélida, mas mascarada por um rosto prazenteiro. Era essa uma característica extremamente marcante em nosso caro Juan: a dissimulação.
Podemos definir dois Juan Dios, um que sacrificaria a própia carne por aquele que seu coração julgasse importante; e outro que enganaria virgens inocentes, sentindo o gosto sórdido de ver a solidão corromper suas singelas almas.
Tivera que mudar diversas vezes, nunca permanecera tempo suficiente para formar vínculos, ou quaisquer relacionamentos que lembrassem uma amizade. Aos 17 anos, quando fora obrigado a deixar a casa que tanto amava, aquela de Sophie, engrenou numa aventura solitária, que o levou a diversos suicídios mal-sucedidos e mortes mal-resolvidas.
Abandonou seu lar quando beijou a desilusão. Após 12 anos passados com a padeira, uma única palavra bastou para acabar com a perfeição de sua vida. "Mate-a". A voz que pronunciara a condenação nunca deixou de ecoar na mente de Juan. "Mate-a", disse o capataz. "Matem-na!" gritou o povo torpe.
A injustiça daquela noite mórbida perseguiu os sonhos de Juan, nunca compreendera a razão pela qual tiraram a vida de sua única amada. Fora de uma noite estrelada para uma manhã nublada que seu mundo mudou.
Sua vida era boa, gozava da felicidade extrema que provava a cada dia que passava. Tudo havia tocado a harmonia ideal.
Conquistara Sophie. Ele era novo, verdade, apenas um jovem tolo, diziam as velhas da cidade. Mas quem há de julgar o amor mais puro e sincero entre amantes? Quem há de dizer a idade do amor? Ama-se quando criança, ama-se quando jovem, ama-se quando senil, ama-se pela eternidade!
Por que ordem se deve proibir tal amor? Um jovem nunca é novo demais para amar, aliás, é o único que sabe fazê-lo.
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Intro.
O senhor, caro leitor, já ouviu inúmeras histórias, tenho certeza. Histórias mirabolantes, histórias sinceras, histórias ambíguas, enfim, histórias. Porém, lhe garanto que esta que estás prestes a saborear não é uma história comum. Engana-se aquele duvida do poder da língua encantada de uma criança. Portanto, meu caro, prepare sua mente, pois o que virás a descobrir, terás que compartilhar com apenas teus botões. Manterás estes relatos para si, trancarás tua boca a sete chaves. Aquele que, por infortúnio ou falta de esperteza, não puder guardar segredos, fechará os olhos neste exato momento e esquecerá o que acaba de ver.
Confio em ti, leitor, e em tua força. Ela será vital para tua existência carnal, se pretendes persistir no erro de ler.
Confio em ti, leitor, e em tua força. Ela será vital para tua existência carnal, se pretendes persistir no erro de ler.
domingo, 28 de dezembro de 2008
Hipocrisia? Que nada! Trivialidade.
Às vezes, em momentos de estranha inspiração, somos capazes de pensar. Nos ausentamos de tudo que nos cerca, de tudo que nos é visível, de todas aquelas futilidades corriqueiras.
Pela primeira vez, finalmente, pensamos.
Mas esses momentos são tão raros que não são notados. A razão? Não sabermos raciocinar! Eu não sei fazê-lo, você tampouco. Apesar de sermos capazes, somos preguiçosos demais para agir, para revolucionarmos nossas mentes sedentárias, subvertermos nossa filosofia pérfida, abrirmos os olhos de nossas tolas almas.
Fuja da maioria, seja você um ser extraordinário!
Feche seus olhos. Cerre seus lábios. Ausente sua mente. Esqueça daquilo que te amargura.
Veja o branco, ouça o vazio.
Lembre-se de um único problema, um somente. Reflita. Questione, afronte, decifre.
Esqueça.
Olvide.
Navegue por seus pensamentos, deixe-os fluir, deixe-os entrar em perfeita harmonia, faça com que se tornem uma canção. A mais bela canção, que cantará a verdade óbvia. Tudo será tão claro, se você não insistir no obscuro, se você não buscar o errado.
Você é simples. Você pode pensar.
Pela primeira vez, finalmente, pensamos.
Mas esses momentos são tão raros que não são notados. A razão? Não sabermos raciocinar! Eu não sei fazê-lo, você tampouco. Apesar de sermos capazes, somos preguiçosos demais para agir, para revolucionarmos nossas mentes sedentárias, subvertermos nossa filosofia pérfida, abrirmos os olhos de nossas tolas almas.
Fuja da maioria, seja você um ser extraordinário!
Feche seus olhos. Cerre seus lábios. Ausente sua mente. Esqueça daquilo que te amargura.
Veja o branco, ouça o vazio.
Lembre-se de um único problema, um somente. Reflita. Questione, afronte, decifre.
Esqueça.
Olvide.
Navegue por seus pensamentos, deixe-os fluir, deixe-os entrar em perfeita harmonia, faça com que se tornem uma canção. A mais bela canção, que cantará a verdade óbvia. Tudo será tão claro, se você não insistir no obscuro, se você não buscar o errado.
Você é simples. Você pode pensar.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
"Próxima estação: Liberdade"
Todos os dias traço o mesmo caminho. Todos os dias vejo os mesmos lugares e diferentes rostos.
Todos os dias ouço a mesma voz entediada e triste, dizendo para onde vou.
Hoje a rotina não mudou: os passos feitos foram os mesmos, os sorrisos vistos foram outros, a voz ouvida de novo chorou. Mas os muros sujos pelos quais passei, os sorrisos falsos os quais vi, e a voz melancólica com a qual me emocionei, provaram que o mundo na verdade vai além do que vemos, ouvimos e sentimos.
A vida hoje fora poética, a sujeira artística, a tristeza se tornara sedutora, a voz melodiosa.
O que bastou para transformar o ordinário em fabuloso foi uma simples mudança de perspectiva. Ora, se fecharmos os olhos críticos para tudo o que vemos à nossa volta, e procurarmos, pela primeira vez, as qualidades no lugar dos defeitos, perceberemos que tudo possui um lado belo. Desde palavras até riscos, olhares até cartazes.
Basta querer, e o mundo se tornará um conto de fadas.
Todos os dias ouço a mesma voz entediada e triste, dizendo para onde vou.
Hoje a rotina não mudou: os passos feitos foram os mesmos, os sorrisos vistos foram outros, a voz ouvida de novo chorou. Mas os muros sujos pelos quais passei, os sorrisos falsos os quais vi, e a voz melancólica com a qual me emocionei, provaram que o mundo na verdade vai além do que vemos, ouvimos e sentimos.
A vida hoje fora poética, a sujeira artística, a tristeza se tornara sedutora, a voz melodiosa.
O que bastou para transformar o ordinário em fabuloso foi uma simples mudança de perspectiva. Ora, se fecharmos os olhos críticos para tudo o que vemos à nossa volta, e procurarmos, pela primeira vez, as qualidades no lugar dos defeitos, perceberemos que tudo possui um lado belo. Desde palavras até riscos, olhares até cartazes.
Basta querer, e o mundo se tornará um conto de fadas.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Devaneio da saudade inexistente
Olhem lá, aquela garota caduca!
Coitada de sua alma adúltera
Seus sonhos feitos de ilusão
Sua realidade, fruto da imaginação.
Olhem lá, que garota estranha!
Tem a razão nas entranhas
E os devaneios na mão
Os olhos na mente, a crença no coração
Olhem para ela, menina tagarela,
Agora de sonhos escuros
Coração de ferro, boca de espinhos
Vida de furtos.
Olhem pra ela, menina esquecida
Agora mulher inivisível
Corpo sem calor, mente sem dor
Vida incrível.
Onde ele está? Onde está você?
Onde ela está? Onde estou eu?
Agora que tudo se perdeu,
Tudo se encontrou, nesse tempo fluido
Nesse mundo efêmero, nesse amor de descuido.
Como posso acreditar? Se nada sinto, nada vejo.
Nada ouço, tudo esqueço.
Sua vida já não pertence mais a mim
Seus abraços já não procuram meu corpo
Seu beijo chegou ao seu fim
Nosso amor está morto.
E eu me perdi.
Coitada de sua alma adúltera
Seus sonhos feitos de ilusão
Sua realidade, fruto da imaginação.
Olhem lá, que garota estranha!
Tem a razão nas entranhas
E os devaneios na mão
Os olhos na mente, a crença no coração
Olhem para ela, menina tagarela,
Agora de sonhos escuros
Coração de ferro, boca de espinhos
Vida de furtos.
Olhem pra ela, menina esquecida
Agora mulher inivisível
Corpo sem calor, mente sem dor
Vida incrível.
Onde ele está? Onde está você?
Onde ela está? Onde estou eu?
Agora que tudo se perdeu,
Tudo se encontrou, nesse tempo fluido
Nesse mundo efêmero, nesse amor de descuido.
Como posso acreditar? Se nada sinto, nada vejo.
Nada ouço, tudo esqueço.
Sua vida já não pertence mais a mim
Seus abraços já não procuram meu corpo
Seu beijo chegou ao seu fim
Nosso amor está morto.
E eu me perdi.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Manque d'espoir
E se eu já não souber mais?
E se eu esqueci de vencer?
Perdi meus sonhos nesse mundo lúcido
Meu coração sorriu; minha boca secou;
Meu amor escapuliu; minha mente chorou.
Perdi o brilho de meu mundo lúrido
Meu corpo sano perdeu-se, entregou-se à desilusão
Tudo foi-se embora, e não acredito nesses devaneios de razão
Me dêem meus sonhos de volta!
Quero voltar a viver minha ilusão.
E se eu esqueci de vencer?
Perdi meus sonhos nesse mundo lúcido
Meu coração sorriu; minha boca secou;
Meu amor escapuliu; minha mente chorou.
Perdi o brilho de meu mundo lúrido
Meu corpo sano perdeu-se, entregou-se à desilusão
Tudo foi-se embora, e não acredito nesses devaneios de razão
Me dêem meus sonhos de volta!
Quero voltar a viver minha ilusão.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Grades ópticas
O horizonte é a liberdade
Barrado pela sociedade
E honrado com a lembrança
Dos que o esqueceram com a idade.
Barrado pela sociedade
E honrado com a lembrança
Dos que o esqueceram com a idade.
Celebração
Não tenho palavras para rimar
Meu amor é tão grande e estamos tão distantes
Que as letras desaprenderam a brincar
E agora, o que faço?
O mundo parou de girar
Ele parou quando soube que dia é hoje
Quando à 47 anos o sol brilhou mais forte
E as estrelas mudaram de lugar
E agora, o que faço?
Nasci da mais bela mãe que o mundo pôde criar
E mesmo com tanta sorte
Minhas mãos sao incapazes de falar
E agora, o que faço?
18/09/2007
Meu amor é tão grande e estamos tão distantes
Que as letras desaprenderam a brincar
E agora, o que faço?
O mundo parou de girar
Ele parou quando soube que dia é hoje
Quando à 47 anos o sol brilhou mais forte
E as estrelas mudaram de lugar
E agora, o que faço?
Nasci da mais bela mãe que o mundo pôde criar
E mesmo com tanta sorte
Minhas mãos sao incapazes de falar
E agora, o que faço?
18/09/2007
Encanto do Tempo
A incerteza sela meus lábios medrosos
Meu sorriso engana com inocência tímida
Meus olhos brilham o que não quero ser
Ah, o tempo podia passar
Veloz o suficiente para enganar a dor
Mas ainda não sinto no peito o aperto da saudade,
Ele se incendeia é de solidão
Ah, o tempo passa devagar!
Os dias são eternos
As noites são de insônia
E a incerteza é de quem nunca viveu
De quem nunca amou, de quem nunca sorriu
Não é tristeza, não
Ah, o tempo traz a solidão!
Me ocupo com palavras no papel
Aprendo a usar os olhos para compreender
Sigo adiante com corpo forte e confiante,
E alma morta e delirante
Ah, tempo, tempo, tempo
Pobres são aqueles que nunca o viveram.
05/09/2007
Meu sorriso engana com inocência tímida
Meus olhos brilham o que não quero ser
Ah, o tempo podia passar
Veloz o suficiente para enganar a dor
Mas ainda não sinto no peito o aperto da saudade,
Ele se incendeia é de solidão
Ah, o tempo passa devagar!
Os dias são eternos
As noites são de insônia
E a incerteza é de quem nunca viveu
De quem nunca amou, de quem nunca sorriu
Não é tristeza, não
Ah, o tempo traz a solidão!
Me ocupo com palavras no papel
Aprendo a usar os olhos para compreender
Sigo adiante com corpo forte e confiante,
E alma morta e delirante
Ah, tempo, tempo, tempo
Pobres são aqueles que nunca o viveram.
05/09/2007
quarta-feira, 2 de abril de 2008
sexta-feira, 28 de março de 2008
Luta pela Solidão
Cavaleiro solitário,
Não derrame lágrimas secas
Pelo incêndio que nunca causou
Apague a chama que vaza de seus lábios
E o fogo de seus olhos que queimou
Cavaleiro sofridor,
Não sofra pelo amor dos que não vieram
Não voe atrás dos que não partiram
Cerre suas asas, cavaleiro sonhador
Não se deixe cair no infinito da dor
Cavalgue por horizontes mórbidos, nade por rios sórdidos
Sujos do sangue do homem traidor
Fuja para liberdade, cavaleiro pecador!
Baile dos ponteiros
Os dias do ano, os dias do mês, os dias da vida
Passam como se nunca houvessem passado
Um a um, num ciclo adiantado
E o relógio bate, um dia vai, um dia vêm
O tempo sorri com desdém.
O que são dias meio à tantas vidas?
Alguns ficam, outros passam sem sentirmos
Choramos por poucos que não vimos
E tic tac, tic tac
O tempo é devagar e os dias são rapidos
Vivamos enquanto temos tempo de nos lembrarmos.
Passam como se nunca houvessem passado
Um a um, num ciclo adiantado
E o relógio bate, um dia vai, um dia vêm
O tempo sorri com desdém.
O que são dias meio à tantas vidas?
Alguns ficam, outros passam sem sentirmos
Choramos por poucos que não vimos
E tic tac, tic tac
O tempo é devagar e os dias são rapidos
Vivamos enquanto temos tempo de nos lembrarmos.
segunda-feira, 17 de março de 2008
Remate em "ância"
Não, o brio não é o meu
Ainda não chegou o que já aconteceu
A mente farfalha, difama
Sussurra. Quer gritar mas murmura
Já sei o que vai me contar
Não preciso intentar- mas, não vou me contentar
Ela me conhece, ela me sente, ela me toca
Sabe que vou repudiar
E ainda assim me enleia, infama
Arrogância. Meu coração canta mais alto que sua jactância
Então por que tanta relutância? Pura ignorância
Temo crescer mas não quero mais infância.
Ainda não chegou o que já aconteceu
A mente farfalha, difama
Sussurra. Quer gritar mas murmura
Já sei o que vai me contar
Não preciso intentar- mas, não vou me contentar
Ela me conhece, ela me sente, ela me toca
Sabe que vou repudiar
E ainda assim me enleia, infama
Arrogância. Meu coração canta mais alto que sua jactância
Então por que tanta relutância? Pura ignorância
Temo crescer mas não quero mais infância.
terça-feira, 11 de março de 2008
Enfadada
Não intento, atento
Meu coração bate forte por um advento
O tempo passa, as horas ficam
Sonhos vêm, palavras rimam.
Meu coração bate forte por um advento
O tempo passa, as horas ficam
Sonhos vêm, palavras rimam.
terça-feira, 4 de março de 2008
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Sonhos de revolução mental
Estro; insuflação divina; veia poética; entusiasmo artístico;
Inspiração.
Congeminação?
Poesia. O que é poesia? Não cabe a mim decidir se o que vou publicar é poético, se palavras confusas de uma adolescente podem ser classificadas como poesia. Mas, quem somos nos para dizer se todos os sentimentos que vêm à mente, se a organização da inspiração, a descrição de uma emoção, se tudo aquilo que vem do coração é ou não digno de ser poético? Inspiração é poesia, arte é poesia, pensar é a arte de poetizar. Somos todos poetas, cada um na sua propria maneira de rimar.
Hoje decidi dar uma lida nos poemas que escrevi ja faz algum tempo, e percebi que os versos foram a melhor maneira de alindar a dor, de transformar negro em arco-íris, de fazer da solidão uma virtude. Vou publicar alguns poucos versos tolos, para que outros olhos senão os meus possam critica-los.
Bom, segue adiante a inspiração:
Dor
Não chore menina, o tempo passa
A língua logo se solta
E o mundo volta a girar
Não baixe os olhos criança, a dor passa
A felicidade logo volta
E você se lembrará de como é amar
Não caia na peça que sua mente pregou
Sorria e esqueça que o tempo não passou
Se levante desse leito e vá amar,
Voe alto pelo céu azul
Aceite a paixão que pede um olhar,
E viva por motivo algum
Então venha mulher, vamos festejar!
Pois o que a vida nos deu ninguém pode tirar
Venha comigo, vamos sorrir!
Esquecer do que um dia fomos e de nossa mente fugir
Vamos viver pelo coração!
Vamos viver da paixão, vamos matar a solidão!
Não nos importa se a ilusão nos engana
Vamos pular as semanas!
Venha comigo, vamos guerrear,
Tomar o que não querem nos dar
Viva comigo, não vamos nunca sofrer,
Ame comigo, vamos para sempre viver!
14/09/07
Ilusão libertina
Meus versos são pobres, minhas rimas se repetem
As palavras não sabem onde se metem
Sou ainda criança, pouco vivi
Quem dirá que não sou poetisa se nada vi?
Amei, sofri, algo provei
Nada suficiente para florescer minha mente
Não sou diferente mas aprenderei a pensar
Logo tomarei dessa vida o que rimar
Quero de Vinicios o ardor, com Orphée viver seu amor
Vou rimar com Andrade, com Camões cruzar os mares da idade
Quero com Mozart tocar, de Shakespeare aplausos ganhar
Aprenderei com Dante, verei a platéia delirante
Que dessa criança virá uma mulher
Que dessa dança calma virá a maré
Não existe na mente perfeição
Não creio na crua razão
Sou livre, sou livre!
Meu ato é domado, meu sonho é ousado
Mas o que é a sociedade quando minha alma é liberdade?
05/10/07
Entusiasmo lírico
Riscos formam sonhos vistos em ilusão
Nessa congeminação, tornado tão futil o real
Tão esperado, nesse plano anal
As linhas criam liberdade
Fazem de minha lira minha idade
Com elas vou fugir e levar a arte em minha mente
Nesse ermo vou voar livremente
Vou tão simples criar a perfeição
Criar e amar apenas com a dança de minha mão
30/11/07
Inspiração.
Congeminação?
Poesia. O que é poesia? Não cabe a mim decidir se o que vou publicar é poético, se palavras confusas de uma adolescente podem ser classificadas como poesia. Mas, quem somos nos para dizer se todos os sentimentos que vêm à mente, se a organização da inspiração, a descrição de uma emoção, se tudo aquilo que vem do coração é ou não digno de ser poético? Inspiração é poesia, arte é poesia, pensar é a arte de poetizar. Somos todos poetas, cada um na sua propria maneira de rimar.
Hoje decidi dar uma lida nos poemas que escrevi ja faz algum tempo, e percebi que os versos foram a melhor maneira de alindar a dor, de transformar negro em arco-íris, de fazer da solidão uma virtude. Vou publicar alguns poucos versos tolos, para que outros olhos senão os meus possam critica-los.
Bom, segue adiante a inspiração:
Dor
Não chore menina, o tempo passa
A língua logo se solta
E o mundo volta a girar
Não baixe os olhos criança, a dor passa
A felicidade logo volta
E você se lembrará de como é amar
Não caia na peça que sua mente pregou
Sorria e esqueça que o tempo não passou
Se levante desse leito e vá amar,
Voe alto pelo céu azul
Aceite a paixão que pede um olhar,
E viva por motivo algum
Então venha mulher, vamos festejar!
Pois o que a vida nos deu ninguém pode tirar
Venha comigo, vamos sorrir!
Esquecer do que um dia fomos e de nossa mente fugir
Vamos viver pelo coração!
Vamos viver da paixão, vamos matar a solidão!
Não nos importa se a ilusão nos engana
Vamos pular as semanas!
Venha comigo, vamos guerrear,
Tomar o que não querem nos dar
Viva comigo, não vamos nunca sofrer,
Ame comigo, vamos para sempre viver!
14/09/07
Ilusão libertina
Meus versos são pobres, minhas rimas se repetem
As palavras não sabem onde se metem
Sou ainda criança, pouco vivi
Quem dirá que não sou poetisa se nada vi?
Amei, sofri, algo provei
Nada suficiente para florescer minha mente
Não sou diferente mas aprenderei a pensar
Logo tomarei dessa vida o que rimar
Quero de Vinicios o ardor, com Orphée viver seu amor
Vou rimar com Andrade, com Camões cruzar os mares da idade
Quero com Mozart tocar, de Shakespeare aplausos ganhar
Aprenderei com Dante, verei a platéia delirante
Que dessa criança virá uma mulher
Que dessa dança calma virá a maré
Não existe na mente perfeição
Não creio na crua razão
Sou livre, sou livre!
Meu ato é domado, meu sonho é ousado
Mas o que é a sociedade quando minha alma é liberdade?
05/10/07
Entusiasmo lírico
Riscos formam sonhos vistos em ilusão
Nessa congeminação, tornado tão futil o real
Tão esperado, nesse plano anal
As linhas criam liberdade
Fazem de minha lira minha idade
Com elas vou fugir e levar a arte em minha mente
Nesse ermo vou voar livremente
Vou tão simples criar a perfeição
Criar e amar apenas com a dança de minha mão
30/11/07
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Festin de pierre
Os franceses e o vinho, o vinho e os franceses: uma relação de amor mutuo, intenso e quase imoderado. As refeiçoes sao movidas à base de vinho (e pao, é claro), os franceses sao movidos à base de vinho, a França nao viveria sem vinho! VINHO...VINHO...VINHO! E eu, ditosamente, tenho a ventura de degustar dessa bebida divina a cada final de semana, quando a minha familia prepara um verdadeiro festim (sem algum motivo, provavelmente uma desculpa para beber sem ter peso na consciencia). Mas, o que é um festim numa familia tipicamente francesa?
Primeiramente, os aperitivos (para nao dizer salgadinhos) sao servidos acompanhados de vinho do porto (no meu caso), whisky, Passoa, Pastis, entre outros. Depois de encher a pança com salgadinhos, a entrada é servida. Entrada para nos brasileiros, quer dizer prato principal, mas para os franceses que tem manias hiperbolicas a entrada é uma...entrada: sopa, quiche, casquinha de siri, uns paes imensos recheados com salmao, carne fria, etc. Quando a "entrada" é servida, a garrafa de vinho branco é aberta (yeey!).
Depois de comer o suficiente para o resto do dia (acreditem no que digo, as entradas sao realmente grandes!), o peixe é servido! Normalmente um prato gastronomico, um pedaço de umas 98g de peixe com um molho delicioso e um pequeno croissant para dar um bom look no prato. O peixe é acompanhado de uma segunda taça de vinho branco.
Finalmente, depois de muuuuito esforço, o peixe é comido, e o prato principal (nao, nao, o peixe nao era o prato principal!) é posto à mesa. Um pedaço de carne vermelha servida com algum legume, e é claro, vinho tinto.
Terminado o prato principal, vêm o prato de queijos (todos os divinos queijos
franceses: camembert, roquefort...) e a salada- e a segunda (ou terceira) taça de vinho tinto.
Puff! Tendo comido tuuuuuuudo, a sobremesa! Tortas de morango, chocolate, caramelo...doces de pêra, maça, frutas em geral; sorvetes feitos em casa; bolos; tudo imaginavel no mundo da "patisserie". A sobremesa é uma surpresa deliciosa a cada dia.
O resultado é uma barriga de gravida e as bochechas rosa-rabanete (compreensivel, considerando as 5 taças de vinho).
Acho que so vou digerir tudo que comi em umas duas semanas :P
Primeiramente, os aperitivos (para nao dizer salgadinhos) sao servidos acompanhados de vinho do porto (no meu caso), whisky, Passoa, Pastis, entre outros. Depois de encher a pança com salgadinhos, a entrada é servida. Entrada para nos brasileiros, quer dizer prato principal, mas para os franceses que tem manias hiperbolicas a entrada é uma...entrada: sopa, quiche, casquinha de siri, uns paes imensos recheados com salmao, carne fria, etc. Quando a "entrada" é servida, a garrafa de vinho branco é aberta (yeey!).
Depois de comer o suficiente para o resto do dia (acreditem no que digo, as entradas sao realmente grandes!), o peixe é servido! Normalmente um prato gastronomico, um pedaço de umas 98g de peixe com um molho delicioso e um pequeno croissant para dar um bom look no prato. O peixe é acompanhado de uma segunda taça de vinho branco.
Finalmente, depois de muuuuito esforço, o peixe é comido, e o prato principal (nao, nao, o peixe nao era o prato principal!) é posto à mesa. Um pedaço de carne vermelha servida com algum legume, e é claro, vinho tinto.
Terminado o prato principal, vêm o prato de queijos (todos os divinos queijos
franceses: camembert, roquefort...) e a salada- e a segunda (ou terceira) taça de vinho tinto.
Puff! Tendo comido tuuuuuuudo, a sobremesa! Tortas de morango, chocolate, caramelo...doces de pêra, maça, frutas em geral; sorvetes feitos em casa; bolos; tudo imaginavel no mundo da "patisserie". A sobremesa é uma surpresa deliciosa a cada dia.
O resultado é uma barriga de gravida e as bochechas rosa-rabanete (compreensivel, considerando as 5 taças de vinho).
Acho que so vou digerir tudo que comi em umas duas semanas :P
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Parindo uma idéia
Depois de incontáveis palavras escritas e apagadas, pensadas e esquecidas, decidi finalmente começar um blog. Começar? Talvez recomeçar seja um termo mais apropriado, pois essa nao é minha primeira tentativa de organizar meus sentimentos em algum lugar (é claro que organizá-los em um lugar publico para que alguns escassos visitantes possam lê-los é uma boa idéia, não?). Diários, desenhos, poemas...nada basta para minha mente inquieta, e a cada tentativa de satisfaze-la, acabo por decepciona-la e abandona-la confusa num pequeno órgão que se encontra no interior de meu crânio. Enfim, numa inovadora tentativa de satisfazer essa minha exigente (e enormemente irritante) mente, vou desabafar algumas idéias rotineiras e desinteressantes de vez em quando
Começando por contar um pouco sobre a minha pessoa. Bom, eu, como qualquer jovem de 17 anos que está à uns 9000 km de sua familia e amigos, me sinto...hiperbólica. Nao perdidamente hiperbólica, mas hiperbólica a ponto de criar um blog para escrever sobre minhas hipérboles frequentes :P
Essas hipérboles podem ser traduzidas na forma de transtornos alimentícios, ou seja, os 12364563 kilos que se instalaram em meu corpo num curtíssimo periodo de tempo(6 meses, mais precisamente). Mas é claro que como todos os erros que cometemos sem querer cometer, eles sao justificáveis.

Hiperbólica no meu eu interior, pois este fica meio hiperbolicamente confuso meio à tantas emoçoes: saudades, "regrette", alegria, "regrette", calma, alegria, saudades...e por aí vai
Mas começo a me acostumar com essa vida hiperbolizada... tenho que admitir que ela me tira um pouco da rotina, e levando em conta a minha participaçao na grei Contra-qualquer-e-todo-tipo-de-tédio-rotina-ou-falta-de-adrenalina-e-emoção, eu acabo quase sentindo prazer em me hiperbolizar, bagunçar meus cachos revoltados e escrever pensamentos alheios num blog è_é
Coff coff (limpando a garganta e voltando ao mundo): isso é tudo pessoal, vamos embora, tá chegando a hora da gente arribar...em outras palavras, preciso parar de escrever lorotas, tomar vergonha na cara e encarar 8 horas de sono pesado pois ja passa da 01:07 da madrugada
Obs.: Desculpem-me pelas frases confusas e mal escritas, mas meu cérebro ultimamente vêm formulando as frases em francês, o que dificulta um pouco meu raciocinio em portugues (ainda mais depois de ler um livro em inglês)...
Obs.2: Queijo de cabra nao é muito digerível :P
Au revoir!
Começando por contar um pouco sobre a minha pessoa. Bom, eu, como qualquer jovem de 17 anos que está à uns 9000 km de sua familia e amigos, me sinto...hiperbólica. Nao perdidamente hiperbólica, mas hiperbólica a ponto de criar um blog para escrever sobre minhas hipérboles frequentes :P
Essas hipérboles podem ser traduzidas na forma de transtornos alimentícios, ou seja, os 12364563 kilos que se instalaram em meu corpo num curtíssimo periodo de tempo(6 meses, mais precisamente). Mas é claro que como todos os erros que cometemos sem querer cometer, eles sao justificáveis.

Hiperbólica no meu eu interior, pois este fica meio hiperbolicamente confuso meio à tantas emoçoes: saudades, "regrette", alegria, "regrette", calma, alegria, saudades...e por aí vai
Mas começo a me acostumar com essa vida hiperbolizada... tenho que admitir que ela me tira um pouco da rotina, e levando em conta a minha participaçao na grei Contra-qualquer-e-todo-tipo-de-tédio-rotina-ou-falta-de-adrenalina-e-emoção, eu acabo quase sentindo prazer em me hiperbolizar, bagunçar meus cachos revoltados e escrever pensamentos alheios num blog è_é
Coff coff (limpando a garganta e voltando ao mundo): isso é tudo pessoal, vamos embora, tá chegando a hora da gente arribar...em outras palavras, preciso parar de escrever lorotas, tomar vergonha na cara e encarar 8 horas de sono pesado pois ja passa da 01:07 da madrugada
Obs.: Desculpem-me pelas frases confusas e mal escritas, mas meu cérebro ultimamente vêm formulando as frases em francês, o que dificulta um pouco meu raciocinio em portugues (ainda mais depois de ler um livro em inglês)...
Obs.2: Queijo de cabra nao é muito digerível :P
Au revoir!
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Um dia me vi independente para começar uma nova vida, ou continuar a velha mas em outros meios. Mudei. Renasci.
Talvez eu nao tenha melhorado, talvez esteja mil vezes melhor, mas sei que um pouco mudei. Amadureci? Nao sei dizer, pode ser que eu ainda seja jovem para amadurecer, mas meu coraçao diz o contrario. Pode ser que pela primeira vez eu sigo meu caminho com meus proprios passos, mesmo nao estando sozinha conheci a solidao. Essa solidao nao me trouxe tristeza, muito pelo contrario, ela me trouxe harmonia, independecia, liberdade.
Fui exposta a situaçoes onde pude descobrir quem realmente sou, situaçoes que puseram à prova meu carater e minhas escolhas, e através destas descobri com surpresa que finalmente estou pronta para o mundo, pronta para deixar de ser criança.
Esse pouco tempo longe foi suficiente para abrir meus olhos. Parece tolo, mas é verdade. As pessoas mudam, mas é dificil de notar as mudanças enquanto as vivemos. Eu vi, senti essas mudanças, e a cada dia que passa sinto que deixo um erro para tras, sinto que cada defeito meu foi posto à tona, me permitindo entao de corrigi-lo.
E assim entrei no ritmo da correnteza, onde acompanhei a agitaçao e fiz dela uma harmonia, tao perfeita, tao trabalhada, que arrisco em dizer que me aproximo pouco a pouco de um equilibrio que nunca antes pude ter, um equilibrio perfeito em meio a toda essa imperfeiçao da juventude.
Quero voar, sair do ninho e descobrir esse mundo que se abre aos meu olhos.
Talvez eu nao tenha melhorado, talvez esteja mil vezes melhor, mas sei que um pouco mudei. Amadureci? Nao sei dizer, pode ser que eu ainda seja jovem para amadurecer, mas meu coraçao diz o contrario. Pode ser que pela primeira vez eu sigo meu caminho com meus proprios passos, mesmo nao estando sozinha conheci a solidao. Essa solidao nao me trouxe tristeza, muito pelo contrario, ela me trouxe harmonia, independecia, liberdade.
Fui exposta a situaçoes onde pude descobrir quem realmente sou, situaçoes que puseram à prova meu carater e minhas escolhas, e através destas descobri com surpresa que finalmente estou pronta para o mundo, pronta para deixar de ser criança.
Esse pouco tempo longe foi suficiente para abrir meus olhos. Parece tolo, mas é verdade. As pessoas mudam, mas é dificil de notar as mudanças enquanto as vivemos. Eu vi, senti essas mudanças, e a cada dia que passa sinto que deixo um erro para tras, sinto que cada defeito meu foi posto à tona, me permitindo entao de corrigi-lo.
E assim entrei no ritmo da correnteza, onde acompanhei a agitaçao e fiz dela uma harmonia, tao perfeita, tao trabalhada, que arrisco em dizer que me aproximo pouco a pouco de um equilibrio que nunca antes pude ter, um equilibrio perfeito em meio a toda essa imperfeiçao da juventude.
Quero voar, sair do ninho e descobrir esse mundo que se abre aos meu olhos.
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Descubra-me.
- Cora Rodrigues
- Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões