quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um velho chamado Paixão

Rugiam os passos do velho manco
Suas pernas tortas tateando na solidão
Seus olhos mortos molhados por encanto
E sua alma crua exalando podridão

Sedento de risos e roçadas
Em busca do álcool e da velha fumaça
Perambulava vadio por lembranças inventadas,
O velho que chamara a morte por pirraça

Era caolho e perdera os dentes
Antigo pirata de amor roubado
Afogou-se em prata e sonhos reluzentes
Querendo falecer de falsos pecados

Com o tempo engasgado em sua alma,
Embriagado pelo ciclo da eternidade
O marujo carcomia com calma
Os sonhos da irreverente mocidade

E o velho hoje preso ao chão de paz
Carrega em suas trêmulas mãos lânguidas
Os ossos do amor que jaz
Cantando com atraso a verdade cândida

"Se assim vivendo
Tanto anseio morrer
Imagine morrendo
O quanto irei viver!"

E agora
Correm os pés do velho manco
E sem hora
Suas pernas tortas abandonam o destino
E agora
Seus olhos vivos encontram o encanto
E sem demora
Ele parte com tiro repentino
E chora
Partindo sem melódica memória
E implora
Para lembrar do sonho seu
Mas sem glória
Parte o velho e sua história
Sem lembrar-se que morreu

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões