domingo, 2 de maio de 2010

De nada adiantam as flores, suas pétalas me desfloram

Não seja tão cego, amor, não condene meus esquivos
Pois fujo não por orgulho retido
Mas por temer que sua ânsia de ardor
Faça padecer de desgosto meu coração rendido,
E afogar em desventura meus olhos de dor

Pois ao queimarem meu peito as lembranças
De minha pele sendo a sua
De seus olhos, com paixão contida e nua
Amando-me com sincera esperança,

Ao queimarem meu peito, amor
Revejo em meus sonhos suas costas partindo
Estas ensinando-me a graciosidade da dor
E o encanto do amor fingido

Ao sentir meu corpo seu cheiro,
Quedava logo nua de medo
Ao tocarem meus lábios seu sorriso,
Ria meu coração em histérico regozijo
E quando confessavam nossos olhos!
Ah, nessas horas eu era mais que sua
Eu era sua carne, seus poros
Sua alma, sua mente, seu corpo
E minha vida finalmente nua

E minha vida subitamente crua
Quando enxerguei em seu olhar lascivo
Os propósitos de perverso amante
E as mentiras de ator festivo
Que defloraram minha ilusão viciante

Então não ouse condenar-me!
Depois de travestir sua intenção
Não ouse tocar-me!
Negarei sua libidinosa paixão
Pois veja, eu sou amor
E não é de carne que se alimenta o coração

Nenhum comentário:

Descubra-me.

Minha foto
Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões