sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Se de matéria fosse tecida minha consciência, nada seria de minha alma senão inútil excelência

Se de súbito meus sonhos partissem
Minhas mãos se cansassem
Minha mente cessasse
E meus olhos dormissem
Transitaria minha alma pelo almejado fim?

Se assistisse minhas mãos desfazendo-se em pó,
Meu corpo libertando-se de mim,
Eu não mais em minha companhia só,
Não seriam meus extintos sorrisos sinceros enfim?

Se são meus arrependimentos e pecados
A razão para as incontáveis e infinitas noites sem lua,
Se é a mortalidade atada à convenção
A causa de minha lamúria,

Que venha o fim acalentar meus medos
Sussurrar em minha consciência as promessas do limbo
Contar em meu colo a história dos desejos
Que em terra são a cova da paz
E no esquecimento a liberdade que almejo...

Tudo de profano com minha carne secaria,
A vontade encarniçada, o pavor da idade
A paixão visceral, o remorso letal...
A vida na morte encontraria

Toda a humanidade em sua desmedida humanidade
Roendo a alma até o osso da contrição
Deveria na crua indiferença ser enterrada
Para perecer em infindável quietação
No limbo de memórias apagadas
No paraíso da despretensão




Quem me dera desgarrar-me das obrigações
Partir-me oca, livre dessas vontades
Para no ermo preencher-me de saudades
Saudades das assassinadas paixões

3 comentários:

Anônimo disse...

Não tem rima boa pra "limbo"!

Anônimo disse...

Perfeito!

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões