quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Dia de Dora

Desperta, vira a hora
Roda na cama e força a fantasia
Ama, morre e chora
Acorda com bizarra azia

Cai, levanta e demora
Machuca os ossos e lava a alma
Se olha, desgosta e melhora
Adoça o café e bebe sem calma

Se molha, acorda o corpo
Seca o sujo da memória
Se veste, estranha e olha torto
Abre a porta e sai como escória

Anda, espera sem pressa
Entra com gente e senta sozinha
Desce, olha e atravessa
Finge breve ser rainha

Senta, come e não sente
Olha com amor e fala inibida
Volta, trabalha e mente
Levanta, parte sem vida

Anda, sobe com lágrimas
Gira a chave e entra morta
Deita, se cobre com lástimas
Divaga, adormece torta

Não desperta, não há hora
Imóvel na cama em fantasia
Não ama, morre e não chora
Parte com fúnebre alegria



Acorda, ri da hora
Salta da cama com euforia
Pensa, lembra de Dora
Lê sua morte no jornal do dia

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões