domingo, 10 de abril de 2011

Maria, Mulher da Vida

Pelo triste aborto da felicidade
Caíram em mim as lágrimas de uma moça
Que por amar a liberdade
Foi-se embora, largando a louça
Seu marido, destemido
Chegou em casa assanhado
Deitou-se descontraído
Urrando por um cuidado
Quedou um tempo, esperando
Até esgotar-lhe a paciência
Pulou da cama, berrando
O corpo à mostra, sem decência
Correu desesperado, viu a louça sem lavar
Impetuoso, agarrou o facão
E Maria foi procurar
Esquecido da razão
Não a encontrava
A procurava
Sem paixão
Não a via
Até que então
Num canto sem alegria
Estava Maria destruída
Distraída na solidão
O homem, irado
Pegou sua mão
Arrastou-a pelo asfalto
No facão ao alto
Refletia o sol do verão
Maria, num suspiro fraco
Suplicou perdão
Ele, com asco
Cuspiu em sua face
E furou-lhe o coração
Sem ninguém em seu encalce
Foi-se embora pacato
E ao chegar em casa
Lavou todos os pratos.

Um comentário:

Pedro Costa disse...

Meu preferido!

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões