segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Oração a Santa Cruz

Esses dias descobri um canto
Meu canto, tão leve
Foi encontrado em meio ao pranto
De uma solidão breve

Em meu canto pus meus cantos
Cantos de desejos e ilusões
Nele meu descanso,
Tornou-se a razão de minhas paixões

E agora é meio estranho,
Como se o mundo não me coubesse
Quando saio nem me encanto
Com o real que me transparece

Na rua perguntam-me quem sou
Mas ora, como hei de saber?
Se sendo me descubro,
Mas não antes de morrer
Irei-me com o segredo no túmulo
E por isso irei sem ser?

Quando nua perguntam-me pra onde vou
Mas veja, que graça há em saber?
Se indo assim no descuido,
Vagueando na escuridão do sem-ver
Irei sem olhos prum futuro
Que já era certo de ser

Se lhe perguntarem pra onde ir,
Diga que já fui por aí,
Que não volto pra realidade
Sem antes sentir saudades da dor
Que não volto à sanidade
Sem antes desvirtuar o pudor

Pois não é me vendo que me enxergam
Não é minha carne minha verdade
Minha alma que postergam
Não passa duma calamidade

Afinal sou minha vontade,
Não o que de minha vontade fizeram

Um comentário:

Anônimo disse...

Seus versos são banhados da mais cruel incerteza,
e seus olhos, sua mente que nunca aveza,
seus prantos que viciam minha solidão,
riem da minha total ilusão.

Cante, Cora, cante enquanto a vida se esfia,
cante e ensina-me a sofrer,
mostre como é bom a vida tecer,
pois é a oração, é a própria poesia.

Descubra-me.

Minha foto
Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões