sábado, 6 de fevereiro de 2010

Anatomia do Encontro

Sem a ternura de seu olhar
Meu coração recusa-se a bater
Meus pés negam o andar,
Minha alma cansa de viver

Depois que minhas mãos tocaram seu corpo,
Depois que minha vida espelhara a sua
Assim que em amor fui absorto
Assim que nossas mentes fizeram-se uma

Minha pele queima em desespero
Meu sangue corre sem vontade
Meu rosto se banha sem esmero
Meus olhos duplicam de idade

O tempo concentra-se na solidão,
Na falta, na dor e na incerteza
Congela-se em inesperada desilusão
E eterniza-se em experiente tristeza

E o tempo dilacera minhas entranhas
Enlouquece meus poros com lembranças,
Pois meu couro ainda sente suas manhas
Meus lábios estão ainda molhados de esperança

Como é carnívoro o amor!
Quando mastiga-me com sadismo
Quando despedaça meu peito com rancor
E devora-me os sorrisos

Como é justa a vingança!
Pois de tantas paixões que neguei,
Deu-se que quando enfim encontro a vida,
Esta afasta-me sem lei
E em silêncio não sou escolhida
Padecendo com o troco dos que fustiguei

É então justa minha miséria,
Justo o roubo do amor
Levastes de mim tudo o que tinha
E deixastes em mim o inédito vazio da dor

Só deixe-me, com o mínimo de compaixão,
Amar por último sua perfeição
Tocar seu último sorrir
Só para viver com gratidão
Por um dia poder rir,
Quando tive sua paixão

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões