segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

As ervas dos olhos

Agora que minha mente se encontra dentre as entranhas do mundo
Enquanto meus olhos rezam com o corpo
Agora que meu delírio queda mudo
Enquanto meu coração declara-se morto

Enquanto a vida passa-me em segredo
Agora que o espaço devora meus tímpanos
Meus pés afligem com medo
E nesse solo convertem-se, oblíquos

Ah, luz do amanhã ecoando em meus suspiros,
Ilusão coando minha esperança
Os ecos do passado contorcendo-se em risos
E o sangue se queimando com esperança

Ah, as veias jorrando em flamas
Os objetos sussurando-me mantras
Meus desejos em outras camas
Minhas intenções fingindo-se santas

Que venham da terra as brisas
Preencherem meu fôlego com cantos
Que venham as ciganas, as saídas!
Exorcizando meus medos humanos

Que venham os índios testarem-me com liberdade!
Suas cordas alucinarem meus membros
A raça animal da verdade
A verdade incondicional dos desatentos

Que venham os segredos obscuros
A loucura dos amantes,
As proezas e os infortúnios
Derramando em minha pele o calor dos errantes!

Mergulhe em mim, juventude!
Mostre-me os passos dos regojizos
Leve de mim o anseio das virtudes
Leve de mim a razão, os juízos!

Sou sua, meus cabelos, meus nomes, minha verdade
Entrego-lhe a culpa, o medo e a razão
Quero navegar atada à irresponsabilidade
Quero afundar afogada de paixão!

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões