terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pausa fugaz para o estro : O Sonho de la Damme Ilusão. Por Juan Dios


Agora vou lhe contar
Sobre a princesa que ninguém quis ser
Uma alma que pela eternidade irá sofrer
Agora vou lhe mostrar
A crueldade do ser
Uma humanidade a difamar
Matou a mais bela Dama do Saber


Sua História

Sua história se passou
Numa cidade que se acabou
Onde tudo começou
Acima do horizonte, abaixo do luar
Sua história se passa no Rio à Beira-Mar


-Quem é a garota maluca?
-Coitada, a que tem a mãe caduca
E o resto da família adúltera?
Ah, tornou-se prostituta pra pagar a multa
Que a vida lhe fez pagar

Aos dez tentou se matar
Mas até nisso fracassou
Então todas as noites da boa injetou
Vendeu seu corpinho pra mandar a cabeça pro ar

Aos treze de tudo abdicou
Sua alma já não sabia mais amar
Seu pai metia nela, sua mãe usava a panela
Do vigésimo andar tentou pular da janela

Aos quinze perdera sua graça
Seus olhos marcavam desgraça, sua palavra era ameaça
Um dia a amarraram na praça
E a comeram como traça

Sonhava grande a pobre menina
Achava que logo seria esquecida, como tudo na vida
Fugiu de casa, virou foragida
Ia aos bares roubar bebida
Conquistou muitos amores, cheirou muitas "flores"
Esqueceu seus horrores e afogou seus pavores

Mas fugir não levou a nada
Logo, logo foi encontrada, amordaçada
Arrastada pelas ruas envergonhada
Cuspiram, pisaram e gritaram
A prenderam na cruz à martelada
E até a morte foi estuprada

Assim se foi a pobre menina arregaçada:
Sem honra, sem amor, com apenas uma história mal-contada.

Seus devaneios:

Você agora vai ler
A mente perdida da Dama do Saber
São delírios alheios
Um diário de devaneios
Que passam por sua infância
Por sua falta de jactância
Por sua paixão iludida
Por sua vida inibida


O Presente do Pretérito

Mais um dia de glória perdida
De soledade desiludida
De amor esquecido
De máquina vivida
Outro dia em que não sou mais eu
Em que vagueio num amor que se perdeu
Em que sinto falta, sinto medo
De perder o que talvez nunca tive
De esquecer meus sonhos tão cedo


Viração incômoda

Não gosto do calor em meu corpo
Não gosto quando parece morto
Junto com o sorriso maroto

Não gosto de andar por linhas tortas
Não gosto de bater contra portas
De sentir no dia seguinte as esquecidas derrotas

Será que sou eu,
Ou o mundo pretende gostar do desagradável?
Dizendo suportar o insuportável

Oh Mundo, não consigo sentir prazer
Com o que dizem ser a melhor sensação a se ter
Oh Mundo, não minta para mim
E diga que enganou parvos com o ruim

Sair do corpo e não poder voltar
Entrar nele sem se lembrar de como foi voar
Não vejo a beleza em gostar de errar

Ver a demência da sociedade
Enganar a si mesmo com tamanha naturalidade
Sinto que o peso do mundo na minha cabeça se enterra
Meu corpo quer descer ao centro da Terra, mas minha mente quer guerra

Meu coração não precisa cantar essa canção
Minha imaginação vai além dessa ilusão
Prefiro viver somente da paixão
E morrer sem fumaça no pulmão.


Inclinação exclusiva

Quantas palavras ainda irão morrer
Quanto sonhos irei esconder?
Quantos sorrisos tolos estão por vir
Aqueles pelos quais eu me perdi

Tenho como desculpa a tolice da juventude
Ou a ignorância como virtude
Mas é você quem me condena
E não creio que valha a pena

Oh meu amor, que alegria você me traz!
Seu olhar me faz tão mais vivaz
Mas só te amo quando não te vejo
Quando seus lábios não me enojam um beijo

E é tão estranha essa paixão
Não sei se é cego meu coração
Mas ele vê a beleza que meus olhos se recusam a ver
Não sei se é certo ou se não quero te perder

E essa insegurança faz duvidar minha mente
Agora já me sinto diferente
Hoje te desprezei, ontem te amei
Quero te amar mas sei que não o farei


Vício utópico

Por que seus olhos brilham com tanto mistério?
Procurando os meus numa dança curiosa
E me enganam quando os olho
E fogem quando os procuro

Por que vejo tanta beleza em sua face
Mesmo sentindo minha mente negando?
Não quero viver sonhando
Mas fujo quando quero enfrentar, calo quando tenho infinitos versos a pronunciar

Saiba que quero te amar
Que as palavras inexistentes não irão nos afastar
Então venha comigo, dê-me sua mão
Dançaremos pra sempre sem solidão!


Nostálgica memória

Nossos olhos tremem nervosos
Procurando os sorrisos calorosos
Os rostos tão bem conhecidos
Rostos em momento algum esquecidos
Queremos tocar nosso país tropical
Queremos beijar a beleza jovial
Roubada de nossas bocas caladas
Nossos corações cantam versos perdidos
Amargurados sem saber dos velhos amigos
Nossas mentes não cansam de gritar
Nossas bocas desaprenderam a cantar
A nova canção nos faz chorar
Aqui não cantam como lá
Lá não te amo como aqui


O logro

São seus olhos que cegam minha razão
Suas mãos hesitam meu peito
Quando meus lábios faltam respeito
Sinto que perdi cedo meu coração

Quando seus olhos sorriem para os meus
Quando meu sorriso toca o seu
Meu corpo treme e minha alma ri
Minha mente se orgulha de algo que não vivi

Naquele dia morreu minha razão
Se falsas lágrimas fizessem efeito
Continuaria com meu sóbrio defeito
Seria eternamente amante da solidão

Mas noutro dia morrerá minha ilusão
O tempo trouxe cedo a decepção
Nossos jovens corações estarão tão distantes
Minha velha mente esquecerá num instante


Canto da dor

Onde está minha inspiração?
Por que as palavras temem tanto a solidão?
Não me olhe com seus olhos penosos
Já não ouço seus versos venenosos

Essa sua rotina me tira a razão
Me devora, me destrói, me cansa a paixão
Essa sua mente me faz sofrer
Me engorda, me deforma, me cansa de viver

Não me julgue com suas lágrimas de dor
Elas não têm mais força para o amor

Vou te deixar criança, seu rosto mostra a verdade
Não quero sentir em seu corpo a realidade
Vou te amar esperança, seus olhos me pedem perdão
Não quero te sentir mas não tenho opção

Eu vou lutar, vou voltar
Ainda tenho a Ilusão para amar
Vou ganhar, vou amar
Ainda tenho forças para lutar

Seu exagero não irá me impedir, vou viver
Meus lábios sorrirão, você verá
Então adeus, criança tristeza
Vou viver minha única certeza: ainda sei amar.

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Cansei de meus olhos mortos
Cobertos por essa tristeza nua
O que me fez para ter sorrisos mórbidos?
Por que essa vasta emoção crua?

São esses dias errôneos de solidão
Esses defeitos que me devoram o coração
Temo seus erros deixar de odiar
Nesses dias que mentem devagar

Cansei de meus devaneios melancólicos
Me irritam meus olhos alcoólicos
Meus versos rimam rimas já escritas
Me enojam minhas unhas ruídas

...


Ódio rebatido

Esse amor inexistente
Faz duvidar sua inerte mente?
Tens razão, meu amor
Esses meus olhos falham ardor
Se escondem no fingimento
Pois seu corpo é fraco, não me contento
Fui tola, confesso
Você hesita, não te impeço
Tão pobre meu amor, tão cego
Sua tristeza não me afeta, não nego
Sua incerteza me diverte, admito
Mas sua inércia me causa dor
Você é pouco, pouco não merece meu amor.


Pequenos hinos

Amor? Nunca soube como amar
Nem sei se já o sei
Pode ser que seja seu olhar
Pode ser que nunca amei!


Tão longe, tão perto
Os meses passam como dias
Os dias brincam com minha mente
Quando acordo já sou diferente.


Desilusão

Procurei em outras bocas seu sorriso
Em outros cantos sua voz
Me enganei com uma solidão inventada
Enlouqueci quando me vi acostumada
Quando percebi que o que me faltava
Já não era mais seu corpo
Que não foram seus lábios
Quando descobri que você não tem a cura
Para minha ilusão solitária
Obrigada
Pelo amor que nunca senti
Pelo sonho que ainda não tive
Pelo mundo que ainda não vi.


La plus belle des ilusions

Ma pensée chasse mon coeur
Ma rebeldie regrette mon corps
Si je pouvais changer le temps...
Mais ma vie refuse mon sourire, et je n'ai plus envie

La realité me manque, je ne peux plus mentir
Donne-moi ta joie, tes amours, ta vie
Raconte-moi comment c'est aimer
Car cela, je n'ai jamais gôuté.

Ma soletude fait tomber des fausses larmes
Mes yeux te suplient liberté
Je ne suis plus que de rêves
Je n'en veux plus de leur realité

Les étoiles me disent "au revoir", quand je marche sur les grèves
Les arbres me couchent le soir, quand mon corps n'a plus d'espoir
Les oiseaux chantent mes pas
Mon corps est loin, il ne reviendras pas.


Morbidez poética

Dei valor à degradação
Deixei a morte levar cedo minha afeição
Se apenas eu soubesse o peso de meus pecados
Se conhecesse o frio torturante da culpa
Ah! Malditos sonhos renegados
Matam meu corpo que já não luta
Enlouquecem minha mente perdida
Controlam minhas mãos lânguidas
Rogo, imploro, derramo lágrimas de vergonha
Mas não posso me mover,
Meus olhos não encaram essa face medonha
Ah! Lave minhas mãos sujas de traição
Salve-me da condenação!
Não deixe a morte provar piedade,
Não sou digna de humanidade!

Adeus!
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Agora já você já sabe a triste história
Da Dama sem Glória
A verdade desgraçada
D'alma abandonada
Conte à quem ver
O mundo deve saber
A humanidade não valhe a pena
É uma pena.




Fim

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões