domingo, 15 de março de 2009

Retratos

De minha mente ácida vazou o pecado
Meus lábios dopados golfaram a traição
Agora meu coração busca a ternura
Donde só prevalece a decepção

Quem ditará as regras dos erros
Quando todos já foram condenados?
Quem há de restar por entre os puros,
Os falsos, mórbidos, dilacerados?

Quem dirá que existe um Deus
Quando o homem já o destruiu?
Quem acreditará no Paraíso
Quando o pecado já o conquistou?

A consciência nos leva à loucura
Com seus doces suspiros, insana amargura
A culpa nos leva à afirmação
De que todo esse nojo humano, é nossa invenção

Minha obra, devo dizer
É tão bela quanto a sua
Pintamos unidos, numa linda orgia
De pecados, erros e regalias

Minha obra, ouvi dizer
Já não é a do saber
A perdi. Há tempos.
Já não sou mais o mesmo ser.

Minha obra, há muito quis dizer
Não era nada constante, se quer saber
A tive num dia, mudei noutro.
Sem nexo, sem fluxo. Louco.

Se têm uma obra, deve dizer
Diga ao mundo, ele deve saber
Ignore seu pecado. Já está condenado.
Abrace o desconhecido. Viva o esquecido.


Eu me fui. Já fui. Não sei mais.
Dos meus erros nasce o Jamais.

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Sou fruto da nudez de meus instintos e da pureza de minhas paixões